10 de fevereiro de 2025
Editorial

O esquisito 08/1 de Lula

Pela imagem que ilustra este editorial, já dá pra ver que foi um “sucesso de público” o 08/1 de Lula. Ele resolveu politizar um evento que seria simplesmente da reposição dos itens destruídos no vandalismo de 8 de janeiro passado. Não deveria ser um evento político!

Lula ficou frustrado também, porque os presidentes dos Poderes Executivo e Judiciário não compareceram, mandaram representantes. Os presidentes da Câmera e do Senado, alegaram compromissos externos e não compareceram, assim como Barroso do STF, por estar em mais uma viagem ao exterior.

Quem acredita que as viagens e consequentes ausências não foram planejadas? Acho que nem o menos bem informado acreditaria nisso. Óbvio que eles não queriam participar da palhaçada que Lula armou na Praça dos Três Poderes.

Com a coisa pegando fogo na economia, Lula resolver patrocinar, politicamente, o evento, que, como visto, foi um fracasso e, de novo sem teleprompter, falou besteira. O petista disse que “os homens seriam mais apaixonados pelas amantes do que pelas suas mulheres: somente em um processo democrático a gente pode conquistar isso. É por isso que eu sou um amante da democracia”. Janja, balançou a cabeça negativamente com estas palavras. Deve ter dormido de calça jeans nesta noite. rs

Lula fechou o evento com chave de ouro, não? Bela maneira de iniciarmos 2025!

Repercussões

  • Bolsonaro publicou um vídeo em que ironiza a fala de Lula: “Esse é o chefe da nação que fala em família”?
  • O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) publicou em suas redes sociais um trecho de um vídeo que mostra a declaração do petista com a legenda “inaugurada a nova temporada de gafes”. A publicação do parlamentar faz alusão às gafes que o presidente acumula desde a campanha presidencial de 2022, como mostrou o jornal Folha de S.Paulo.

Lula sofre, segundo disse Claudio Couto, professor de ciência política da Fundação Getúlio Vargas, “de um sério problema de incontinência verbal. E essa incontinência verbal que o atinge, beneficia seus adversários”.

Ainda falando do governo Lula, agora sobre a economia.

Haddad pode fazer o que quiser em termos de mensagens de austeridade fiscal. Prometeu que num futuro próximo, como consequência das regras do “arcabouço fiscal”, estabilizaria a dívida, que continua crescendo.

Em consequência de tudo o que se passou em 2024, principalmente na área fiscal, Lula resolveu demitir Paulo Pimenta e nomear seu marqueteiro de campanha, o homem da propaganda, como o novo Secretário de Comunicação, com status de ministério. Pelo menos agora, colocou um profissional da área, marqueteiro, algo inédito. João Santana e Duda Mendonça, antigos marqueteiros políticos, não foram ministros. Eram “conselheiros” e participavam, mas não tinham cadeira.

O João Santana da vez, é Sidônio Palmeira. Ele tem um recado muito claro “com Haddad e sem Haddad”. Sidônio Palmeira vem pro governo para comunicar em 2025, no ano véspera da eleição. Ele vem para comunicar a austeridade fiscal, um novo programa de contenção de gastos. Novo? O antigo nem decolou e já teremos um novo?

Vamos conter as despesas? Vamos no ritmo da contenção? Claro que não! Lula não aceitará parar ou reduzir seus programas populistas e os demais poderes jamais aceitarão qualquer redução em seus orçamentos. Isso é um indicativo de que vamos expandir os gastos.

Esta é a provocação que eu que eu faço. O Haddad investiu na ideia de que temos problemas na comunicação. Tirou seu corpo fora sobre a sua própria comunicação. Projetou Simone Tebet num cenário em que o governo Lula, para quem acreditasse, fosse o governo da “PEC da Transição”? Alguém se lembra desta PEC? Dizia que Lula cortaria despesas e faria um investimento firme numa reforma fiscal. Nada disso foi feito.

Daí, deu no pacotinho fiscal. O “troço” foi aprovado no Congresso e o mercado não gostou. Lula reclamou do mau humor e da má vontade do que chamamos de mercado.

Ao contrário, eu acho que o mercado está tendo boa vontade com o governo Lula, porque já estão namorando com as promessas de um “futuro próximo” de austeridade. Um futuro de contenção da dívida pública. Que futuro próximo, é esse? Esta é a pergunta que faço, considerando que, agora, o marqueteiro está aí para fazer campanha e para botar o bloco na rua.

O futuro próximo é 2027 é o próximo governo, qualquer que seja ele, para enfrentar a realidade, é desagradável dizer que não se pode iludir.

Nunca se poderia ter acreditado em reforma fiscal do governo Lula, considerando que esse governo começa com a PEC da Transição, já esquecida. Foram mais de 150 bilhões de reais jorrados na economia, com aval do Parlamento, jorrando dinheiro na economia e gerando um bem-estar que é esse que se tem agora, ou seja, nenhum!

É a indução artificial do crescimento. Um voo de galinha! Os números do PIB mostram que isso não é sustentável nem a médio e muito menos a longo prazo.

O marqueteiro – Sidônio – vem tentar embalar um produto de sustentação nesse voo de galinha. O voo de galinha a gente conhece bem no Brasil. Já vimos várias vezes. A galinha arma um voo poderoso, parecendo um gavião, um falcão ou uma águia. Mas ela se esborracha logo ali na frente e não é bonito quando ela cai.

A ideia do marqueteiro é empurrar esse tombo para 2027. O acerto de contas passa por 2025, investindo no para-fiscal, aumentando os gastos, sustentando esse cenário artificial. E aí chega 2026, contando com o Parlamento que nunca falta em razão das emendas liberadas. Nessas horas para fazer uma PEC kamikaze, como aquela que deram para Bolsonaro em 2022.

A ideia é gerar um bem-estar artificial ou sustentar esse crescimento e se reeleger em 2026. Vai ser a mesma coisa. Vai ter outra PEC kamikaze para tentar se reeleger. Mas a conta não está fechando. Não fecha desde o começo. O arcabouço fiscal é “nat morto”. É furado. Você tem que aumentar a receita.

A arrecadação está atrelada aos gastos obrigatórios. Então, se você aumenta a arrecadação para rebater o aumento da despesa. É o cachorro correndo atrás do seu rabo. O Arcabouço Fiscal já nasceu furado, mas o governo escolhe acreditar nas metas fiscais cumpridas(?). Gente, que lugar é esse? Esta conta não fecha!

Eu tenho uma meta: não entrar no cheque especial. Faço tudo para cumprir a minha meta. Só que o cumprimento da meta de Lula não serve para aferir o termômetro da dívida pública. Como é que o governo está batendo a meta se a dívida pública não para de crescer. São muitas questões incômodas.

O ano já começou. Eu não sou otimista, e repito: já vi este filme algumas vezes no Brasil.

E nesses dias em que Lula tem falado de amante e marido, a gente tem que pensar nos “traídos”. Quem são os “traídos”?

Os “traídos” somos nós, que estamos pagando o café, a carne e o azeite mais caros no mercado. Quem não entregou nem a picanha, já está prometendo filé mignon. O povo tá roendo o osso.

Valter Bernat

Advogado, analista de TI e editor do site.

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Advogado, analista de TI e editor do site.

1 Comentário

  • Zilton 10 de janeiro de 2025

    Parabéns Walter
    Lucidez do editorial.

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