27 de abril de 2024
Editorial

O 7 de setembro do Presidente e o 7 de setembro do candidato

O presidente obedeceu rigorosamente ao protocolo. Discursou como Presidente da República, usando a faixa presidencial, enaltecendo os 200 anos da nossa Independência. Foi o cumprimento de seu dever cívico. Da ocasião, destaco:

“/… Hoje, mais do que nunca, pudemos assistir e sentir o despertar do patriotismo e do profundo amor pelo Brasil. As ruas estão tomadas pelas cores de nossa linda bandeira e o nosso glorioso hino nacional foi cantado por milhões de homens e mulheres, de todas idades, classes e cores. É difícil imaginar o que se passou pela cabeça de Dom Pedro ao proclamar a Independência do Brasil, mas não tenho dúvida de que, em seu coração, queimava a mesma chama de amor e orgulho que hoje preencheu o peito de cada brasileiro em cada lugar do nosso imenso país…/”.

Presidente da República em seu discurso oficial pelos 200 anos da Independência
Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil – do site www.conjur.com.br

A seguir, começou seu “dever político”, como candidato à reeleição, obviamente sem a faixa presidencial. E aí discursou para o público ali presente.

Imagem: Reprodução/YouTube/Flávio Bolsonaro (do site UOL)

Destaque: “/… Se antes falavam que éramos uma nação adormecida, hoje posso dizer que o Brasil acordou e está cada vez mais consciente do potencial que possui. Ninguém no mundo tem o que nós temos: nossos recursos, nossas riquezas, nossas florestas e nosso povo trabalhador e miscigenado. Nossa Pátria é gigante e abençoada. Na prática, somos vários brasis dentro de um só. …/”.

Houve muitas notícias, colunas, posts, vídeos e memes sobre o 7 de setembro. Falando sério: pode ser que Bolsonaro perca as eleições, afinal ele está há tempos atrás nas “pesquisas”. Em três semanas tudo pode acontecer, mas é impossível deixar de se constatar o que aconteceu na 4a feira por todo o país.

Espontaneamente ou a convite do Presidente/candidato, a movimentação em todas as capitais foi uma manifestação de civismo. Bonito de se ver.

E, como se podia prever, a oposição se calou até o final do dia, quando então, saíram das tocas para criticar o PR – e nada além disso. Óbvio que a maciça participação popular não garante a vitória na eleição, mas deixa claro o tamanho do apoio de grande parte do povo ao candidato à reeleição.

Entretanto, achei que o candidato à reeleição “pisou na bola” ou “a deixou quicando” – use a metáfora futebolística que quiser – por duas vezes, o que até que foi pouco para o hábito dele.

A primeira, quando só mencionou o bicentenário da Independência no seu discurso em Brasília, como Presidente da República enquanto usava a faixa presidencial. Nas demais cidades, já como candidato e não como Presidente, não tocou no assunto. Acho que deveria tê-lo feito, afinal era, também, uma festa cívica.

“Segundamente”, relembrando o saudoso Odorico Paraguaçu, naquela comparação esdrúxula que o candidato à reeleição fez das “primeiras damas”. Poderia ter ressaltado a “sua” Primeira Dama de outra forma, sem a dita comparação e, melhor ainda, sem aquele coro de IMBROCHÁVEL, foi constrangedor o sorrisinho de Michelle. Pegou mal!

Outra coisa que, pra mim, ficou meio estranho, foi o escanteamento do presidente de Portugal, convidado protocolarmente pelo PR para a festividade, que ficou “oprimido” pela presença de Luciano Hang, o véio da VAN, naquele seu gritante terno verde, sua marca registrada, colado ao candidato Bolsonaro durante os discursos nos carros de som em Brasília, em Sampa e no Rio.

Foto: Wilton Júnior/Estadão – 7/9/2022

Certamente, a esquerda, a oposição e a mídia consorciada vão explorar esses escorregões. Mas o PR deixou sua marca. Mostrou o número de seus eleitores/apoiadores em todas as cidades que vi: DF (jornal Metrópole), SP (Record News), Curitiba (Gazeta do Povo), Fortaleza (O Povo), RJ (Diário do Povo) e Salvador (Revista Oeste); foram as que vi. Imagens a seguir:

A ausência do STF, do Senado e da Câmara só fizeram diferença pela falta de representação dos demais poderes republicanos na comemoração cívica, mas se pensarmos bem, há muito tempo eles têm faltado quando o país mais precisou. Mesmo com ouvidos tampados, puderam entender o recado passado pela multidão em todas as capitais.

Estas ausências pareceram “decretar” que o 7 de setembro era um evento personalista.

Agora uma pequena pausa para um “momento cultural”: como disse Marco Antônio de Shakespeare sobre Brutus e os senadores: “eles devem ter razão – afinal, são todos homens honrados”. Bem, voltando à vaca fria…

Bolsonaro disse novamente que jogará sempre, como tem feito, dentro das 4 linhas da Constituição, em mais uma metáfora esportiva, o que não é nada mais do que sua obrigação.

Fica a imagem marcante do Rio de Janeiro, com a manifestação final do Presidente.

Como eu disse anteriormente, e não precisava ser nenhuma pitonisa para prever isso, aqueles de sempre reagiram com suas costumeiras ações judiciais junto ao STF e ao TSE para que imponham ao PR um crime eleitoral pelo uso indevido dos símbolos pátrios em sua campanha. Ora, desculpem-me, mas os símbolos pátrios são a Bandeira, o Hino, as Armas e o Selo. Eles estão aí para identificar nosso país. Não são propriedade de ninguém. Qualquer um pode usá-los, desde que observem os preceitos de nossa legislação para seu uso.

O que se viu foi em todo o país, completamente tomadas, foram as avenidas, praças e orlas, com todo o tipo de gente, de todas as idades e cores. Famílias inteiras e não os símbolos nacionais.

A festa era para todos. No entanto, a oposição enxergou um movimento de golpistas e preconceituosos. É de se dar risada. Disseram que haveria violência, quebra-quebra, mas nada disso aconteceu. O enorme contingente policial – necessário – assistiu apenas a um público em festa.

Antigamente, nas Faculdades de Direito, se dizia que de “barriga de mulher, cabeça de Juiz e bumbum de neném ninguém sabe o que vem”. Com a evolução da medicina o primeiro item virou letra morta, restando apenas os dois outros termos, mas o segundo termo também está meio que fora de moda, já que, ultimamente, podemos afirmar antes o que virá dali na maioria das vezes. Sobra então apenas o bumbum de neném… deste ainda não sabemos o que virá…

Para encerrar, se Democracia é o poder que emana do povo, o povo deu seu recado!!!

Valter Bernat

Advogado, analista de TI e editor do site.

Advogado, analista de TI e editor do site.

2 Comentários

  • Zilton 10 de setembro de 2022

    Parabéns Valter
    Muito bom seu editorial.

  • Pedro Costa 12 de setembro de 2022

    Parabéns, Valter ! Pra variar o seu editorial foi show.

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