10 de fevereiro de 2025
Editorial

Conversa com Papai Noel

Como disse muito bem o Dr Carlos Leão em sua coluna desta semana, eu também, há muito tempo não escrevo cartinhas para o senhor, mas, por aqui, em estamos enfrentando problemas que nos estão tirando a esperança de dias melhores, sendo assim, estou apelando para o senhor.

Meus filhos e netos, sempre acreditaram em Papai Noel até a página 2, ou seja, eles acreditavam que o Papai Noel existia e “trazia” os presentes, mas quem os “comprava” eram seus pais e avós. Desta forma eles tinham a real noção do que poderiam pedir. Assim, não tirávamos o encanto, mas o colocávamos numa situação mais próxima da nossa realidade.

Bem, histórias à parte, chegamos aos dias de hoje. Meus netos já estão criados e crescidos, mas por aqui, em Terra Brasilis a coisa tá complicada, apesar de os governantes dizerem que está tudo bem, que o país está se recuperando…

O dólar anda acima dos 6 reais e não baixa. A inflação, mais de 4%, quiçá 5%. A ida ao supermercado está cada vez mais cara. A gasolina, o gás e o diesel cada vez mais caros, mesmo sem a paridade com o dólar.

Os juros estão pela hora da morte, apesar de o presidente reclamar, dia sim, outro também dos juros estabelecidos pelo Bacen, leia-se Roberto Campos Neto. Jura que com a nomeação de seu afilhado (ou afiliado) Gabriel Galípolo para a presidência do Bacen, estes juros cairão. Não acredito nisso. O Bacen é essencialmente técnico. As últimas reuniões do COPOM tiveram resultado unânime, mesmo com Galípolo e os demais indicados por Lula no Bacen. Lula ainda indicou mais três diretores para o Bacen: Nilton José Schneider, Izabela Moreira Correa e Gilneu Astolfi Vivan.

O “passa-fácil” no Congresso não existe mais. Como o governo não tem maioria, precisa de acordos para a aprovação de seus projetos. Sim, neste caso, a culpa não é do Executivo. É mais uma chantagem política do Legislativo, que aliás briga também com o Judiciário pelas “emendas Pix”, que já existiam no governo anterior, só que com o nome que a imprensa dava de “orçamento secreto”.

O Judiciário – Flávio DIno – entrou de sola e bloqueou estas emendas, exigindo transparência total, ou seja, para quem elas vão e para onde e para que elas irão. Perfeito, o ministro agiu no interesse do dinheiro da população.

Isso irritou profundamente os parlamentares que agora devem informar o destino de cada grana que vier destas emendas… mas por que já não era assim?

Duas outras coisas estão emperradas no Congresso, especialmente, na Câmara dos Deputados: a reforma tributária (objeto do último editorial) e o “PA-CORTE” de gastos”. Neste caso a coisa está pegando, pois, dentre outras coisas, estabelece limites para o reajuste do salário mínimo e o acesso ao BPC.

A reforma tributária está aprovada, em parte, aos trancos e barrancos, com exceções absurdas, mas passou , mas, ficou grande parte para o ano que vem.

O pacote de gastos anda engatinhando. Grave problema…

Ele atinge diretamente os mais vulneráveis. Reduzir ou limitar o reajuste do salário mínimo é um ataque direto aos direitos dos trabalhadores, virando as costas para quem mais precisa, exatamente o oposto do que pregou Lula em sua campanha e em seus discursos como presidente. Limitar, ainda mais o BPC é um golpe duro na população de baixa ou nenhuma renda.

Durante todo ste terremoto político, o nosso presidente teve mais um problema de saúde. Desta vez com um hematoma subdural, causado por uma queda muito mal explicada – que também já foi objeto de outro editorial – e, posteriormente, com outra drenagem para garantir que nada de ruim ocorreria. Ocorre que quando da primeira cirurgia já fora dito que ela seria feita “apenas para garantir a saúde do presidente”. Como a segunda intervenção provou, isso não era verdade. Havia riscos e, diante deles, fizeram o novo procedimento “apenas para garantir a saúde do presidente”.

Segundo a mídia governista, ele está inteiro e totalmente lúcido, capaz de dirigir o país, mas por que estão agendados novos exames em 10 dias? Novas tomografias para checar como está a cabeça do presidente? Se estava tudo bem, por que mais exames? Isso tudo continua muito mal explicado…

Bem, outra coisa é a violência do dia a dia. A nossa segurança está cada vez menor. Lula disse que Lewandowski, Ministro da Justiça, resolveria o problema da segurança. Mas as armas continuam entrando pelas fronteiras, estradas, aeroportos e baías, contribuindo cada vez mais para o aumento da criminalidade.

Nossa enorme fronteira com os demais países da América do Sul são mal policiadas ou não o são. Se pensarmos em nossas estradas interestaduais então, são uma peneira. A PRF não consegue combater o tráfico de armas e de drogas. Elas continuam entrando e armando e abastecendo os criminosos.

A polícia civil e militar enxugam gelo. Prende bandidos, apreende armas e drogas, mas a Justiça solta os criminosos. Eles voltam às ruas e mais armas e drogas continuam chegando. A população fica refém disso tudo. Nesta semana houve uma entrevista com o governador Cláudio Castro que, simplesmente disse: “eu não me sinto culpado pela criminalidade no Rio de Janeiro, já que o Rio não produz armas e drogas”. Ele está errado? Não! ? Claro que não.

Ok, senhor governador, então quem é? Na verdade, não estamos procurando culpados, queremos solução! Aquela solução que todos prometem nas campanhas, mas que nunca conseguem entregar quando são eleitos e reeleitos.

Papai Noel, ainda teria muita coisa a escrever, mas sei que o senhor deve estar cheio de cartas pedindo coisas, talvez mais importantes, mas a minha cartinha, por favor deixe na prateleira e atenda assim que puder. Não precisa ser agora neste Natal, mas para os próximos… pode ser uma coisa de cada vez…

Valter Bernat

Advogado, analista de TI e editor do site.

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Advogado, analista de TI e editor do site.

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