29 de abril de 2024
Editorial

Carro popular fica mais barato e já pode ser comprado pelos ricos 😢

Imagem? Google Imagens – Correio do Povo

A pergunta dos outros setores da indústria é: “por que a indústria automobilística é tratada com atenção especial”? Toda essa benevolência com o setor deve ter origem no fato de a carreira de Lula como líder sindical ter ocorrido no ABC, sede das grandes montadoras. A FIESP comprova que as montadoras recebem subsídios mais altos do que os demais setores.

O presidente Lula, antigo – mas muito antigo – operário de montadora de veículos e líder sindical no ABC, pretende ressuscitar a ideia do modelo conhecido como “pé de boi”, para que todo trabalhador possa ter um carro popular barato, o que, certamente, irá contribuir para o aumento da poluição e dos engarrafamentos nas ruas e estradas se vier a termo.

“É a volta do carro popular”? Calma, como se pode chamar de popular um carro que custa mais ou menos 60mil reais, num país onde 70% de sua população ganha até 2 salários mínimos?

As montadoras dizem que para reduzir o preço dos carros, precisam retirar alguns equipamentos do produto final, mas há leis que as obrigam a manter tais itens em seus carros de entrada. Tipo: cinto de segurança de 3 pontos, freios ABS, encosto de cabeça, retrovisores em ambos os lados, airbags e catalisadores, entre outros.

Como fica? Alteram-se as leis em vigor? Óbvio que não podemos admitir isso. E aí? Como baratear? Só mesmo com subsídio, ou seja, com o nosso dinheirinho. Mais um programa assistencial-populista deste governo.

Fazendo uma continha rápida: se você financia a compra – porque ninguém vai ter o dinheiro à vista – sabe quanto vai gastar por mês com: prestação do financiamento, IPVA, manutenção, combustível e seguro (opcional)? Isso dá, no mínimo, 1.500 reais, se pensarmos de forma bem otimista.

Mas mesmo assim você resolve encarar e decide entrar na dança do presidente – “afinal fiz o L”, né? Mas precisa andar rápido com isso. O governo não fixou prazo para o projeto. Disse apenas que tem 1,5bi para o programa. Acabou o dinheiro, acabou o programa, ou, como disse o nosso vice-presidente: “até se esgotarem os estoques”.

Enfim, o governo insiste em aumentar o consumo dando reduções artificiais de preço, quando a única maneira eficaz de levar um cidadão a comprar mais é aumentar a sua renda — algo que só é possível com crescimento econômico. Com emprego e não com assistencialismo.

Ao tentar continuar contemplando o emprego de uma elite de trabalhadores, quando comparada à realidade e aos reais problemas do país, o governo só demonstra enorme oportunismo, fechando os olhos para as consequências e para a insanidade de tal medida. Além disso, deve estar achando que os novos engarrafamentos não vão trazer problema algum. Afinal, um pouco mais de CO2 não vai fazer mais mal à saúde. Isso é viver numa bolha! Cadê a sustentabilidade tanto defendida por seu governo?

Apenas argumentando: por que não dar maior apoio para compra de bicicletas, inclusive as motorizadas, com menos de 50 cilindradas? Com certeza atingiriam grande número de pessoas, com benefícios para a diminuição da poluição urbana, para o trânsito e, também, para a saúde das pessoas, entre outros benefícios.

Enquanto, em todo o mundo, os governos tentam priorizar o transporte público não poluente e o respeito ao meio ambiente, o presidente viaja na contramão tentando criar a imagem de uma “democracia social” em que todo trabalhador pode ter um carro.

É o que se pode chamar de um planejamento populista. O governo Lula trafega na contramão de reduzir impostos para aumentar a venda de carros populares.Numa época de tentativa de redução de uso de combustíveis fósseis, o certo seria aumentá-los.

Sou a favor de um plano mais ambicioso. Segundo o projeto, os veículos de serviços públicos deveriam ser abastecidos por outro tipo de combustível menos poluente. Assim, o trânsito nas cidades ficaria maravilhoso, poupando tempo, desperdício e investimentos em construções de pontes, viadutos, etc…

O mercado, certamente, se encarregaria de fornecer transporte alternativo – é melhor fazer um percurso de ônibus – ou trem ou metrô – do que passar 1h em veículo particular, desde que este tenha os horários respeitados, bem como lotação. Sim, estou sonhando, mas, por que não?

Guzzo diz: “O “carro popular”, que anda em discussão por aí, é o retrato mais nítido do que é realmente o governo Lula na vida real da economia brasileira — uma trapaça permanente, mal-arrumada e sem benefício nenhum para o interesse público, que só é levada adiante, o tempo inteiro, pela propaganda oficial.

O “carro do pobre”, como diz Lula, é como o voo com passagem baratinha, ou o apartamento popular com varandinha. É como a picanha prometida: não existe!

Valter Bernat

Advogado, analista de TI e editor do site.

Advogado, analista de TI e editor do site.

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