Antigamente, rotulava-se as pessoas que diferiam da maioria, como sui-generis.
Isso não necessariamente era um elogio, uma vez que diferir da maioria em tempos passados – como de resto, hoje também, dado que a pasteurização sempre foi uma busca constante – requeria…peito, leia-se, coragem.
Tive a sorte de ter sido criada por um pai amoroso e presente.
Minha mãe, além de ausente em momentos importantes, se ausentou em momentos cruciais e, quando presente, deixava muito a desejar.
Dito isso, além do Dia dos Pais, eu pleitearia a comemoração do… “Dia da Madrasta”! Lembro muito da minha e tenho muitas saudades dela.
É. É isso mesmo.
Tive uma maravilhosa. Era uma pessoa excelente e fez muito por mim! Brigávamos bastante como não poderia deixar de ser – afinal ela apareceu na minha vida quando eu tinha 12 anos, ou seja, em plena adolescência, ainda assim, teve paciência e foi capaz de me ensinar muita coisa boa!
Sou de uma família sui-generis também, de judeus não praticantes e, como ser judeu não é opcional (assim como ser preto ou ter olhos azuis), eu o sou, ainda que à minha maneira: não tenho crença alguma em nada.
Minha madrasta não era judia, mas resolveu se converter ao casar com meu pai, segundo ela “porque queria que seus filhos tivessem uma religião” – embora para ele, isso fosse absolutamente irrelevante.
Fui criada sem religião porque ele entendeu que se fosse importante para mim, eu decidiria isso quando fosse maior, sem sua interferência. Cresci e nunca senti necessidade de acreditar em algo e a ideia de que o mundo é perfeito demais para não existir uma força maior por trás disso jamais me tirou o sono.
A única vez em que fui procurar alguma coisa ligada ao espiritual, fui encontra-la no Budismo, no sentido de que ali se prega que só podemos ser felizes fazendo a felicidade do próximo e isso me pareceu extremamente válido. Ademais, a vida é encarada como um círculo, no qual você permanentemente entra ou sai, ou seja, é um moto perpétuo – e essa ideia me agrada.
Nem por isso resolvi que deveria me dedicar a ele ou recitar seus mantras – que, ditos em grupo trazem um bem-estar incrível!
Sempre busquei ser justa, verdadeira, não prejudicar meu próximo e, até o momento, fiz o melhor que pude.
Diferentemente do que diz a religião judaica, não quero ser enterrada, mas sim, cremada e, por isso mesmo, não terei um epitáfio.
Caso tivesse, gostaria que fosse: “Fui. Que pena!”
Sui generis?
Tradutora do inglês, do francês (juramentada), do italiano e do espanhol. Pelas origens, deveria ser também do russo e do alemão. Sou conciliadora no fórum de Pinheiros há mais de 12 anos e ajudo as pessoas a “falarem a mesma língua”, traduzindo o que querem dizer: estranhamente, depois de se separarem ou brigarem, deixam de falar o mesmo idioma… Adoro essa atividade, que me transformou em uma pessoa muito melhor! Curto muito escrever: acho que isso é herança familiar… De resto, para mim, as pessoas sempre valem a pena – só não tenho a menor contemplação com a burrice!