25 de abril de 2024
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Que venham as abelhas

Eis-me de volta após quase dois meses de silêncio e de muitas emoções. Agradeço aos que me escreveram para manifestar saudades e à Ana Maria Ramalho pela paciência e amizade.

Para ser sincera, confesso não saber como administrei uma severa embolia pulmonar, que me levou ao CTI, com a defesa da tese de doutoramento, sonho que perseguia há anos e, finalmente, consegui realizar.
Acho que começarei pelo doutoramento, coisa boa a gente conta logo. Passei três anos brincando que estudava Corte&Costura, com medo de não dar conta da empreitada. Caso fracassasse, seria mais fácil confessar que, quem mal sabe pregar um botão, não conseguiria mesmo alcançar o status de modista.
Mas, atenção, senhoras e senhores, orgulhosamente anuncio que, agora, sou doutora em Teoria da Informação. Estudei Análise do Discurso, aprendi centenas de coisas, ficaram milhares por aprender. Mas foi super compensador. Estou vaidosa, achando-me o máximo.
O doutoramento também reforçou a minha certeza de que, na tal da melhor idade, não existe nada pior do que a falta do que fazer. Portanto, daqui para frente, vou me dedicar à apicultura. Embora pretenda me manter distante das abelhas – tenho um medo patológico de bichos voadores – cuidarei da minha própria colmeia. Quando der certo, participarei aos leitores. Ah, também aceitarei encomendas que, pessoalmente, colocarei no correio. Aposto que muita gente desconhece que o mel de Portugal é um dos melhores do mundo.
Sobre a embolia? Bem, no início de maio, durante um almoço, senti uma forte dor no lado direito do peito e desmaiei. Dali para a frente, só complicações. Trata daqui, trata de lá e nada de eu ficar boa. Acabei no hospital. Não entrarei em detalhes, não vale a pena. Apenas elogio a eficiência do Serviço Nacional de Saúde português. Estou viva graças à competência e ao carinho dos médicos (as) e enfermeiros(as) que cuidaram e ainda cuidam de mim. Mas acho que vale uma confissão: estar num CTI é uma experiência punk.
Durante todo tempo, o meu maior medo era o de não conseguir defender a tese. A súbita doença transformou o ato de pensar numa difícil empreitada, não juntava lé com cré. E ainda faltava acabar de preparar a apresentação oral das minhas pesquisas. Tudo deu certo, há 10 dias enfrentei a Banca e recebi o título de doutora. Não tenho palavras para descrever a minha alegria e a minha emoção.
Claro, contei com a ajuda dos amigos. Nunca serei capaz de agradecer ao meu orientador, professor Jorge Pedro Sousa; à minha quase filha Sandra Luz; à infalível e carinhosa família Ramalho; aos meus netos Tatiana e Hugo, que vieram da Alemanha para me acompanhar; à Kátia Menezes, ao Luiz Américo Gaundenzi, ao João Gomeia. Todos foram maravilhosos.
Encerro o assunto saúde, bola pra frente. Só queria explicar o meu sumiço.
Agora, que sou uma feliz PhD, que venham as abelhas. Acho que também darei conta delas.

O Boletim

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