19 de abril de 2024
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Os bispos-quase-prefeitos

Pensei que não voltaria a falar de política. Mas as eleições cariocas despertaram-me a vontade de, novamente, enfiar a colher neste caldeirão.
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Não votarei, felizmente. Estou morando fora do Brasil. Mas, se estivesse na minha cidade – a ex-maravilhosa –anularia o meu voto. Não conseguiria apoiar nenhum dos candidatos.
O bispo Crivella é uma ameaça ao estado laico. Se ganhar, e acho que ganhará, começará devagarzinho, comendo pelas beiradas. Quando abrirmos o olho, a IURD terá dominado o Rio de Janeiro e já estará lançando seus tentáculos em direção ao Palácio do Planalto. Tenho pavor de pensar nesta possibilidade. Nunca é demais lembrar que a poderosa Igreja Universal só tem 40 anos, foi fundada em 1977. Como não acreditar na agressividade deste pessoal que, em tão pouco tempo, conseguiu tanto? Se conquistarem o Rio, será difícil conter a ambição política do papa Edir Macedo. Não dá sequer para imaginar…
O Marcelo Freixo é um encanto, seu discurso é maravilhoso. Quem pode ser contra os direitos humanos, a igualdade social, a não-violência? Freixo é uma espécie de bispo à paisana, que também tem milhares de fiéis. Infelizmente tão tolos quanto os seguidores de Crivella.
Mas eu votaria no Freixo caso fossemos, ambos, noruegueses, vivendo numa sociedade com os problemas básicos 100% resolvidos e, enfim, em condições de sonhar/implementar a paz e o amor.
Também votaria se estivéssemos no Rio de 70 anos atrás, quando não existia uma superpopulação tão mal educada, tão estressada e tão sem limites. Hoje, se eleito, com aquele papinho rançoso, anos 1950, só conseguirá transformar o Rio de Janeiro numa cidade muito pior. Se é que isto é possível.
É, com estes dois religiosos na disputa, o futuro parece-me complicado.

O Boletim

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