29 de março de 2024
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Leve vantagem você também


É forte a boataria sobre as articulações entre PT, seus tentáculos e STF para impedir a prisão do Lula. A presidente, dona Carminha, estaria com a caneta na mão para assinar o Habeas Corpus.
Fernando Henrique Cardoso puxou a cantilena, disparando no Jornal do Brasil: “Lula tem partido, história e trajetória. Você pode gostar ou não, mas ele tem compromisso”.
Partido, história e trajetória bem conhecidos, agora como demonstraram brilhantemente os desembargadores de Porto Alegre.
Esse carma do “homem cordial”, descrito por Sergio Buarque de Holanda em 1936 não será extinto tão cedo. A perpetuação do jeitinho brasileiro, consolidado décadas depois por um comercial de cigarros na boca de um jogador de futebol, regerá a lógica perversa de um país fadado ao banditismo.
Aos mais sensíveis a questões humanitárias, e que não tenha ouvido ou lido a defesa dos desembargadores de POA, segue abaixo um brilhante resgate histórico traçado por Luís Mir. É longo, mas vale cada linha. Escancara o partido, a trajetória, história e compromissos citados pelo probo FHC sobre seu pupilo Lula. Texto pra guardar e recordar.
Minha reflexão, singela, particular, deste Shabat.
Crimes, Criminosos
Ignorar a história é ignorar a realidade. Impossível. A reorganização do movimento sindical no ABC é obra e consequência do trabalho da comissão sindical do Comitê Central do PCB. Liderada por grandes quadros, como Anita Leocádia, Hércules Corrêa, Marcello Gato, e militantes de massa, como Manoel Fiel Filho em grandes empresas, como Ford, Volkswagen, GM. E dentre eles, um quadro de massas com presença relevante no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, José Ferreira da Silva, o Frei Chico (que não era frei e nunca foi, uma homenagem carinhosa pelo biótipo). E que candidato à presidência, seria eleito com folgada maioria.
A repressão militar seguia os passos do PCB milimetricamente. E sabia que a eleição de um grande quadro comunista daria a hegemonia de todo o movimento sindical ao partido. Foi preso pouco antes da eleição. Imediatamente, Luiz Inácio da Silva, foi colocado no seu lugar como candidato a presidente. E se elegeu. Sua missão, esquentar a cadeira até que Frei Chico fosse liberado e se realizasse uma nova eleição. O resto vocês sabem, sentou na cadeira e nunca mais cedeu a posição e liderança para o irmão.
E a luta fraticida que se desenvolveu no campo entre o sindicalismo rural comunista e o sindicalismo rural católico voltaria a se dar no ABC. A Pastoral Operária, virulentamente anticomunista, anti-PCB, começa um trabalho de solapamento e destruição da organização sindical comunista no ABC. A ferramenta utilizada para esse desmonte – Luiz Inácio da Silva. E ele começa a cooptar o sindicalismo e os sindicalistas anticomunistas. A CNBB tinha um projeto declarado de se tornar uma força política hegemônica na redemocratização, reconquistar as massas perdidas com seu apoio inicial e total a ditadura. E apoio que nunca foi retirado totalmente pelo alto clero católico.
Dentro de um colégio católico, reúnem-se os anti-PCB de todos os tipos e cores, e a Pastoral Operária funda o Partido dos Trabalhadores, a reedição em nova forma ideológica e partidária da Ação Católica (francesa) de 1922, de inspiração fascista. Seus dois principais operadores, dois cardeais conservadores, reacionários, anticomunistas, Cláudio Hummes e Paulo Evaristo Arns. A Igreja Católica sempre quis um braço político nacional, como Igreja-Estado, que fosse força decisória em todos os campos no país. O fracasso da Democracia Cristã não seria repetido. Os primeiros diretórios do PT funcionavam nas paróquias católicas. Inclusive como endereço junto à Justiça Eleitoral. Mas isso tudo é história.
A questão fundamental é: como acabou esse projeto? Destruindo o campo da esquerda, assaltando os cofres públicos para terceiros, em troca de migalhas eleitorais. E jogando o país na maior crise do pós-guerra. E com suas lideranças na cadeia, por serem sido correia de transmissão, cúmplices, do maior assalto que se teve até agora ao erário público na história brasileira.
Quebraram as grandes empresas estatais, como Petrobrás e Correios, e suas previdências, que financiaram obras bilionárias inservíveis, imprestáveis, como os estádios da Copa do Mundo e das Olimpíadas, estradas com prazo de validade que não passa de 8 anos antes que se esfarelem, metrôs fantasmas país afora, uma renúncia fiscal que passa, nos quatorze anos de barbárie petista, de mais de 600 bilhões de reais, quebraram a Saúde e a Educação, com gestões desastrosas. Quebraram o país.
Eu saio do eixo quando falam de tantos milhões de empregos criados, Bolsa Família (todo pobre será um pobre digno, mas pobre), pleno emprego. A questão para mim se resume a um número: qual é o valor do salário mínimo atual, a maior prova da fraude da barbárie petista. O salário mínimo atual é de R$ 937, que passará para 954.
Governo para os pobres, pelos pobres, teria sido elevar o salário mínimo para suprir as despesas de um trabalhador e de sua família. Que deveria ser de R$ 3.899,66, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), baseado nos dados de abril da Pesquisa Nacional de Cesta Básica de Alimentos. Mas esse valor quebraria a Previdência, quebraria o Tesouro, quebraria os governos (federal, estaduais, municipais). Então, quem faliu a Previdência? Não foram os assalariados, não foram os pobres, nas cidades e nos campos. Não foram os que ganham salário mínimo atual, mais de 50% da mão de obra empregada. E se contarmos até 2 salários mínimos, chegamos a cerca de 70% da mão de obra.
Antes uma dúvida cruel: o déficit aumenta dezenas de bilhões sem que haja um aumento de um mísero centavo nas aposentadorias de milhões de pessoas? Como? Então, esse déficit de mais de 250 bilhões da Previdência (começou com míseros 60 bilhões), quem o provocou?
Um membro do CC do PPS (sim, o CC do PPS existe, na melhor e pior tradição comunista, somos uma força unitária, monolítica nos princípios, e radicais na questão democrática como elemento central do socialismo) me informou que o relator da Reforma da Previdência, o deputado Artur Maia, do PPS da Bahia, era uma pessoa séria. E que no Roda Viva tinha colocado as cartas na mesa, sem blefes.
Então, sem intimá-lo para que compareça ao CC do PPS (não confundir com o PPS formal) para que seja sabatinado por nós, que coloque um freio na chantagem, no terrorismo, contra os aposentados remediados, pobres, miseráveis, de que ou se faz a reforma, ou eles não vão receber um centavo dos seus direitos. São direitos, não são benefícios. E porque não ameaçam também de perderem suas gordas (em alguns estamentos criminosas) aposentadorias os militares, juízes, parlamentares, funcionalismo público? Porque as previdências estaduais quebraram pelas aposentadorias de ministros dos tribunais de contas, desembargadores, parlamentares, burocratas do alto escalão, como procuradores, e não dos humildes servidores públicos, que não funcionários, são a servidão da máquina.
O salário mínimo no país é um crime total contra a humanidade brasileira.
Uma última e humilde observação: nesses acampamentos que fazem em defesa de qualquer um, e de qualquer coisa, tomem mais cuidado com sexo sem preservativos, cuidado com as DSTs, as venéreas, uma tradição nesse tipo de aglomeração, além da gravidez precoce. Seria importante que se distribuíssem kits de preservativos para os manifestantes.

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