25 de abril de 2024
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A irmã mais velha

Chegando de viagem, muito feliz por retornar ao Porto.
Estive com netos e bisnetos, emoção e ternura em doses industriais. Ser bisavó assusta. Mas o engraçado é que, hoje, sinto-me muitíssimo mais jovem do que há 30 anos. Fui uma moça-anciã-infeliz. Estou uma velhinha superpoderosa, doida e alegríssima. Abençoada terceira-idade.

Não acompanhei as novidades da semana. Soube que o Temer teve um piripaque e precisou ser operado. Meu aplicativo experiência detectou nos sintomas sinais de perigo. Já acompanhei um caso de obstrução urinária que não teve final feliz. Enfim, desejo saúde ao presidente, que é mais velho do que eu – sim, estas pessoas existem –, mas desfila com o ar escovadíssimo de vampiro jeunesse dorée. Eu o compreendo, presidente, a gente precisa manter a pose, o tempo é inclemente. Se facilitarmos, o bicho pega.
Já que falo em idade, contarei uma história engraçadinha que vivi com crianças. Não as minhas, a bisneta mais velha ainda não tem dois anos, preciso me defender. Mas com netos fofos de amigos igualmente fofos.
O menino de quatro anos, visitando os avós, reparou que o canarinho de estimação não estava na gaiola. Preocupado, perguntou ao pai onde se escondera o André – este era o nome do passarinho xodó da família. O pai quis poupá-lo e, então, assisti um momento ternura com a devida intervenção da irmã mais velha, que não podia perder aquela chance.
– Pai, onde está o André?
– Você lembra que ele tem asas?
O menino confirmou com a cabeça e o pai continuou:
– Então, o André cansou de morar na gaiola e resolveu voar para muito longe. Bateu as assinhas, foi voando, voando e chegou ao céu.
Impressionado, o menino quis saber mais:
– E o que aconteceu quando o André chegou ao céu?
Antes que o pai tivesse tempo de continuar a história água com açúcar, a irmã mais velha, sentada ao lado, disparou:
– Assim que chegou ao céu, o André morreu.
Gargalhada geral, o menino também riu. Achou engraçada a aventura celestial do falecido André.
O Ministério da Saúde adverte: o humor certeiro evita traumas.

O Boletim

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