“Succession” é um caso raro nos dias de hoje: uma série que não tem ação, não tem aventura e não se preocupa em fazer concessões ao wokismo vigente. Filmada no esquema de uma única e nervosa câmera, a série se firma em três pilares principais, que se completam:
– o brutal TALENTO dos atores.
– o BRILHANTISMO dos diálogos.
– o HUMOR fino, corrosivo, cáustico, que não poupa absolutamente ninguém.
“Succession” é sobre uma família americana que controla um conglomerado de empresas de mídia. Liderada pelo patriarca Logan Roy, a primeira temporada começa com a iminente aposentadoria de Logan – e quem irá sucedê-lo.
Esse é o ponto de partida para um amplo painel das misérias e virtudes humanas – mais misérias que virtudes, diga-se de passagem. Quase ninguém se salva entre os personagens de “Succession”: faltam armários capazes de esconder tantos esqueletos.
O episódio 3 da 4a temporada, exibido no domingo, foi daqueles fenômenos únicos na História da tv, tal a forma como foi extraordinariamente concebido, escrito, dirigido e interpretado.
Todos os atores estão bem em seus papéis – quer dizer, “bem” é um modo simplório de dizer. Na verdade, todos os atores dão verdadeiros recitais sobre a arte de representar, desde os protagonistas Brian Cox, Jeremy Strong, Sarah Snook, Kieran Culkin (o irmão mais novo de Mccaulay) e Alan Ruck (o amigo de Ferris Bueller, em “Curtindo a Vida Adoidado”), que interpretam o patriarca e seus filhos até o elenco de apoio.
Os episódios de “Succession” deveriam ser exibidos diariamente nas escolas de teatro brasileiras.
Assistam. A temporada atual é a última, e teremos mais um mês até o final. Maratonem as três primeiras. Na época árida de talento em que vivemos, “Succession” não terá substitutos tão cedo.