Comecei minha viagem por Montenegro na coluna anterior, ao falar sobre Perast, que junto com as cidades de Kotor, Budva, Stevi Stephan e a Baía de Kotor, são os lugares que mais encantam no país.
Que o leitor não se iluda: estou aqui no Rio de Janeiro. Mesmo vacinada, a prudência recomenda que ainda não me jogue pelo mundo, que é o que mais amo fazer.
Conheço Montenegro de duas viagens, a última delas em 2019. Para quem não leu a coluna anterior, Kotor encontra-se no fundo da Baía de Kotor. A baía é longa e tortuosa, rodeada por montanhas íngremes, e, por esse motivo, é conhecida como a Baía dos Fiordes. É banhada pelas águas límpidas do Mar Adriático, e é belíssima.
Kotor foi habitada desde o tempo dos romanos. A cidade prosperou muito quando passou a pertencer à República de Veneza, dos séculos XV ao XVIII, por ser um porto de importância estratégica.
A cidade é um charme só. Espremida entre as águas da baía e as montanhas, seu centro histórico é cercado por antigas muralhas de pedra, que sobem até bem alto pela encosta.
Há três portões para se entrar na cidade antiga murada: o Sea Gate (Portão do Mar), o River Gate (que é o Portão Norte) e o Gurdic Gate (que é o Portão Sul). O Sea Gate é a entrada principal, bem em frente ao atracadouro dos navios de turismo que sempre aportam por lá.
Quanto à religião, Montenegro tem a grande maioria da população de orientação cristã ortodoxa. No censo de 2003 eram 74,2% de cristãos ortodoxos, 17,4% de muçulmanos e 3,5% de católicos. Não é surpresa descobrir que em Kotor só existem duas igrejas católicas, sendo uma delas a catedral.
O turista deve tirar um bom tempo para passear pelas ruelas e pequenas praças do centro histórico, descobrindo charmosos recantos escondidos. As igrejas também são bem interessantes de serem visitadas. Carros não entram na cidade murada então o passeio fica ainda mais agradável. Há também a possibilidade de ir ao Bazar de Kotor, também dentro da cidade murada, onde há souvenirs e produtos locais à venda. Esse bazar está localizado nas ruínas do Mosteiro de São Nicolau, destruído no passado por terremoto.
Quanto ao assunto gastronomia, sugiro que o leitor experimente o presunto montenegrino, acompanhado de queijos e azeitonas, que é o prato mais típico de lá. Há vários restaurantes de peixes também.
Agora chegamos ao assunto “muralha”. Adoro andar por muralhas medievais, as de Dubrovnik e Rothenburg ob der Tauber são minhas favoritas.
A de Kotor é interessantíssima por subir pela encosta, mas é preciso ter bom preparo físico e disposição. São 1350 degraus até o topo, onde estão as ruínas do Castelo de São João. A pedra do piso é escorregadia então é preciso ter atenção. No verão o cuidado tem que ser dobrado, porque pode ser muito quente. Além de chapéu é bom levar água porque a subida acaba sendo longa.
É possível andar pela muralha que envolve a cidade e que é plana. Mas para quem quer uma vista linda, a dica é caminhar até a Igreja Nossa Senhora dos Remédios, que fica antes da metade da subida. A vista de lá já é fantástica e o desgaste físico não é tão grande.
Acho mesmo que o ideal é haver pernoite nessa região se for verão e os dias estiverem bonitos. Há praias ótimas em Budva e Stevi Stephan, que são no Mar Adriático. São nossos destinos na próxima coluna, quando terminaremos o passeio por Montenegro.
“Arquiteta de formação e de ofício por muitos anos, desde 2007 resolveu mudar de profissão. Desde então trabalha com turismo, elaborando roteiros e acompanhando pequenos grupos ao exterior. Descobriu que essa é sua vocação maior.”