É Natal. Hoje definitivamente não é dia de falar de corrupção, propina, ladroeira. Tampouco de caixa dois, de privilégios, de gente que faz o diabo para ter poder ou, simplesmente, encher os bolsos. Mas, com tamanho surrupio ao país, nem mesmo Papai Noel pode se dar ao luxo de deixar as barbas de molho.
Quarta nação mais corrupta entre 141 analisadas pelo Fórum Econômico Mundial, o Brasil não se dá por satisfeito nesse perverso ranking. Está sempre disposto a superar seus recordes. Desta vez, criando condições propícias, facilitando e financiando negócios da empreiteira mais corrupta do planeta, a Odebrecht.
Uma campeã que, segundo o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, confessou ter pagado US$ 778 milhões de propinas a autoridades de 11 países, quase a metade – US$ 349 milhões – a políticos brasileiros. Uma conta que chega perto de R$ 3 bilhões.
Por mais engenhosa que tenha se tornado a bandidagem, com esquemas de lavagem de dinheiro que saltitava entre contas em diversos países, crédito oficial para superfaturar e outras tantas ilicitudes, corruptos e corruptores se surpreenderam com a sofisticação das apurações cooperadas do Ministério Público Federal do Brasil, dos EUA e da Suíça. O acordo da Odebrecht demonstra isso: ou se rendia ou seria rendida.
A confissão pode ser tão danosa para os políticos citados quanto a delação que os executivos da empreiteira fizeram no Brasil.
Ainda que essas investigações em conjunto com governos de outros países tenham validade discutível dentro da Justiça brasileira, elas são suficientes para confirmar os testemunhos dos delatores, que os acusados insistem em negar. E para avançar no tabuleiro, aproximando-se do xeque-mate que pode levar muitos que se consideram intocáveis para o xadrez.
Um cerco que se fecha a cada dia.
Na sexta-feira, documentos do mesmo Departamento de Justiça dos EUA confirmaram o envolvimento direto de Antonio Palocci e Guido Mantega, ex-ministros de Lula e da presidente deposta Dilma Rousseff, como os solicitadores de propina — pessoal e para a campanha — em troca de benefícios fiscais para a Braskem, empresa do grupo Odebrecht. História idêntica, com os mesmos valores – R$ 50 milhões – tinha sido levantada na 32ª fase da Lava Jato.
Os advogados e Lula, Dilma, Palocci e Mantega, que lutam para que tribunais internacionais olhem para o Brasil como se aqui reinasse um Estado de exceção, terão de reposicionar seus peões.
O cruzamento de outras investigações, envolvendo países da América Latina, também validam delações e deixam ex-auxiliares e o próprio Lula de cabelos em pé. O ex-presidente, que se diz perseguido pelo juiz Sérgio Moro, terá agora de alegar um complô internacional, talvez ao estilo Hugo Chávez, culpando as “forças imperialistas”, para tentar se safar do que os EUA apuraram.
É Natal. Mais do que deixar de falar sobre corrupção e roubalheira, o país quer celeridade nas apurações, nos processos e nos julgamentos. Quer o fim da impunidade, dos indultos que se eternizam pelo privilégio de foro.
Fonte: Blog do Noblat
Jornalista, mineira de Belo Horizonte, ex-Rádio Itatiaia, Rádio Inconfidência, sucursais de O Globo e O Estado de S. Paulo em Brasília, Agência Estado em São Paulo. Foi assessora de Imprensa do governador Mario Covas durante toda a sua gestão, de 1995 a 2001. Assina há mais de 10 anos coluna política semanal no Blog do Noblat.
Jornalista, mineira de Belo Horizonte, ex-Rádio Itatiaia, Rádio Inconfidência, sucursais de O Globo e O Estado de S. Paulo em Brasília, Agência Estado em São Paulo. Foi assessora de Imprensa do governador Mario Covas durante toda a sua gestão, de 1995 a 2001. Assina há mais de 10 anos coluna política semanal no Blog do Noblat.
Usamos cookies em nosso site para oferecer a você a experiência mais relevante, lembrando suas preferências e visitas repetidas. Ao clicar em “Aceitar tudo”, você concorda com o uso de TODOS os cookies. No entanto, você pode visitar "Configurações de cookies" para fornecer um consentimento controlado.
This website uses cookies to improve your experience while you navigate through the website. Out of these, the cookies that are categorized as necessary are stored on your browser as they are essential for the working of basic functionalities of the website. We also use third-party cookies that help us analyze and understand how you use this website. These cookies will be stored in your browser only with your consent. You also have the option to opt-out of these cookies. But opting out of some of these cookies may affect your browsing experience.
Necessary cookies are absolutely essential for the website to function properly. These cookies ensure basic functionalities and security features of the website, anonymously.
Cookie
Duração
Descrição
cookielawinfo-checkbox-analytics
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Analytics".
cookielawinfo-checkbox-functional
11 months
The cookie is set by GDPR cookie consent to record the user consent for the cookies in the category "Functional".
cookielawinfo-checkbox-necessary
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookies is used to store the user consent for the cookies in the category "Necessary".
cookielawinfo-checkbox-others
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Other.
cookielawinfo-checkbox-performance
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Performance".
viewed_cookie_policy
11 months
The cookie is set by the GDPR Cookie Consent plugin and is used to store whether or not user has consented to the use of cookies. It does not store any personal data.
Functional cookies help to perform certain functionalities like sharing the content of the website on social media platforms, collect feedbacks, and other third-party features.
Performance cookies are used to understand and analyze the key performance indexes of the website which helps in delivering a better user experience for the visitors.
Analytical cookies are used to understand how visitors interact with the website. These cookies help provide information on metrics the number of visitors, bounce rate, traffic source, etc.
Advertisement cookies are used to provide visitors with relevant ads and marketing campaigns. These cookies track visitors across websites and collect information to provide customized ads.