Ultimamente vários comentaristas referem-se à expressão “uma espada sobre a cabeça”, mas ninguém explica que espada é essa. Trata-se da espada de Dâmocles. Vou contar a história.
Dâmocles era um cortesão bajulador na corte do odiado tirano Dionísio, de Siracusa. Ele dizia que Dionísio era um homem afortunado por ter grande poder e autoridade.
Dionísio então ofereceu-se para trocar de lugar com Dâmocles por um dia, para também ser servido em ouro e prata, atendido por rapazes de extraordinária beleza, e para saborear as melhores comidas. No meio de tanto luxo, Dâmocles olhou para cima e viu, horrorizado, que Dionísio ordenara que uma espada afiada fosse pendurada exatamente sobre a sua cabeça, presa apenas pelo fio do rabo de um cavalo. Assim, Dâmocles perdeu o interesse pela excelente comida, pelos belos rapazes e foi embora, dizendo que não queria mais ser tão afortunado.
A espada de Dâmocles é uma alusão frequentemente usada para representar a insegurança dos que têm grande poder, ou para simbolizar o sentimento de alguma tragédia iminente.
Dâmocles é o protagonista da parábola narrada por Cícero em suas Tusculan Disputations (V. 61 – 62) e figurou originalmente na história perdida da Sicília escrita por Timaeus de Tauromenium (c. 356 – 260 a.C.).
Na pintura de Richard Westall, A Espada de Dâmocles, (1812) os belos rapazes da parábola de Cícero foram transformados em moças virgens para agradar o gosto neoclássico de Thomas Hope, que encomendou o quadro.
Jornalista, fotógrafa e tradutora.