27 de abril de 2024
Colunistas Lucia Sweet

Há muitos e muitos anos li um livro sobre semântica escrito por S.I. Hayakawa

“A Linguagem no Pensamento e na Ação — Como os homens usam as palavras e como as palavras usam os homens”.

O primeiro livro de Hayakawa, “Language in Action”, publicado em 1941, foi uma resposta aos perigos da propaganda usada com êxito por Hitler, que persuadiu milhões a aceitarem seus pontos de vista destrutivos e desequilibrados. Hayakawa tinha a convicção de que precisamos ter uma atitude crítica em relação à linguagem para o nosso próprio bem-estar e para que possamos tornar-nos cidadãos conscientes.

Nossa liberdade política depende de não aceitarmos o que dizem políticos, celebridades, jornalistas e formadores de opinião, inescrupulosos, eloquentes e demagógicos que repetem como papagaios narrativas e palavras de ordem de marqueteiros pagos regiamente com dinheiro roubado para criá-las. Nada mais atual no mundo.

Para Hayakawa, as palavras são avaliações. A maneira pela qual pensamos está indissoluvelmente ligada à maneira pela qual escrevemos e falamos. Afinal, pensamos com palavras.

No livro li um aforismo de Confúcio, que me influenciou para o resto da vida. Confúcio, todos sabem, criou um sistema filosófico. Ele nasceu na China em 551 a.C. no período das primaveras e outonos. Seus princípios apoiavam-se nas tradições e crenças chinesas comuns milenares, que consistiam em lealdade, veneração dos ancestrais, respeito aos idosos e à família; justiça, sinceridade, ética e honestidade.

O oposto exato do que foi posto em prática pelo partido comunista, fundado na China em 1921 e que em 1 de Outubro de 1949, estabeleceu a República Popular da China. O Partido Comunista Chinês, partido único, controla as forças armadas (o Exército de Libertação Popular – ELP), e domina brutalmente a China e grande parte do mundo atual.

Confúcio ensinou: “quando as palavras perdem o seu significado, as pessoas perdem a sua liberdade”.

Aforismo:

“Ch’en K’ang perguntou a Poyu (filho único de Confúcio):

–Há alguma coisa de especial que tenhas aprendido com teu pai?

Poyu respondeu:

–Não.

Certo dia meu pai perguntou-me: ‘Já estudaste poesia?’ Respondi-lhe: ‘Não, ainda não. Ele disse: ‘Se não estudares poesia, tua linguagem jamais será polida.’ Assim, dediquei-me ao estudo da poesia.

Outro dia ele se encontrava sozinho quando passei pelo pátio. Ele me disse:

‘Já estudaste o cerimonial?’ Respondi-lhe: ‘Ainda não.’ Ele disse: ‘Se não estudares o cerimonial, não terás um guia para a tua conduta.’ E eu me consagrei ao estudo do cerimonial. Ele me ensinou a estudar essas duas disciplinas.

Ch’en K’ang despediu-se satisfeito: “Fiz-lhe uma pergunta e aprendi três coisas: aprendi o que Confúcio pensava sobre poesia; aprendi o que ele disse sobre o cerimonial. E aprendi que o Mestre ensinava seu próprio filho do mesmo modo que ensinava seus discípulos.”

Graças a esse aforismo criei o hábito de ler pelo menos uma poesia todos os dias, além de procurar ter sempre boas maneiras, porque assim a vida se torna bem mais agradável para todos.

PS.: Hayakawa, linguista, psicólogo, semântico, professor e escritor, americano nascido no Canadá de origem japonesa, foi Reitor da Universidade de São Francisco e depois senador pela Califórnia, primeiro como democrata, depois como republicano.

Lucia Sweet

Jornalista, fotógrafa e tradutora.

Jornalista, fotógrafa e tradutora.

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