27 de abril de 2024
Colunistas Lucia Sweet

Precisamos ouvir música

Não importa o gênero, desde que seja bom. Se bem que eu, pessoalmente, não aguento ouvir, por melhor que possam ser, tango, bolero, música brega, sertanejo, etc. etc. etc. (o “etc. etc. etc.”

Tomei emprestado do Yul Brinner no filme “The King and I”, que, aposto, ninguém se lembra rsrsrs. Sempre uso três etc., mas nunca expliquei a origem. Ele era o King Mongkut of Siam, e a Deborah Kerr era a viúva que foi trabalhar como governanta dos filhos do rei. Ah, e a trilha sonora foi da dupla Rodgers and Hammerstein, favorita do Tom Jobim, que me contou que estava estudando a obra completa deles, além de Debussy, é claro, a quem se referia como Claude-Achilles).

Essa minha prolixidade deve ser por eu ter nascido no mesmo dia que o Proust, entre outras pessoas muito queridas, ou porque na minha cabeça uma coisa me faz lembrar de outra e leva a outra.

Voltando ao que eu queria dizer, eu produzi 23 CDs. Com orquestra, banda ou voz e violão. A música que postei (o link é do Spotify , eu convido você para ouvi-la de graça), foi uma adaptação que o Tomaz fez de Song of India, do Rimsky-Korsakov — que foi o mentor musical de Stravinsky que escreveu a música do ballet Le Sacre du Printemps etc. etc. etc. 😁

O pai do Stravinsky queria que ele fosse advogado, imagine só. E Stravinsky, que era casado, teve um caso com Coco Chanel em Paris onde chegou com les Ballets Russes , fundado por Sergei Diaghilev. Nijinsky, filho também de bailarinos – seu pai era famoso pela altura do seu grand jetté – era a grande estrela da companhia.

Diaghilev e Nijinsky tornaram-se amantes, mas o romance acabou (para desespero de Diaghilev), quando o bailarino casou-se com a aristocrata húngara Romola de Pulszky, com quem teve duas filhas, Kyra e Tamara.

O curioso é que, quando o navio que levava Les Ballets Russes para um tour na América do Sul parou no Rio de Janeiro, a primeira coisa que o casal Nijinsky – Romola fez foi sair para comprar alianças. Adolph Bolm , outro grande bailarino da companhia, aconselhou Romola a não se casar com Nijinsky. Segundo ele, Nijinsky emitia muita luz, mas uma luz que não tinha calor. Contudo, o casal casou-se na Argentina, em 10 de setembro de 1913.

Quanto à adaptação de “Song of India” do Tomaz, que harmoniosamente fez uma fusão sonora e rítmica de dois violões (do Tomaz e do Waltel Branco na segunda voz), violinos, harpa, viola, cello, oboé, flauta, baixo acústico, baixo elétrico com cuíca, surdo e tamborim, eu acho sinceramente que deveria ter ganhado um Grammy. Tenho o maior orgulho de ter feito essa produção artística.

https://open.spotify.com/track/4giJ66Y63Nneu0RZugq4Qa…

https://youtu.be/H-3tm_XuzFk?si=_X5eMKo_ZsIxCsfJ

Lucia Sweet

Jornalista, fotógrafa e tradutora.

Jornalista, fotógrafa e tradutora.

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