Alguém já se deu ao trabalho de tentar entender o motivo, além do “jeton”, claro, do interesse da esquerda em tomar a Academia Brasileira de Letras, inaugurada em 20 de julho de 1897?
Elementar, meu caro Watson.
Com o objetivo de cultivar a língua e a LITERATURA nacional, está entre as atribuições da ABL definir “o sistema ortográfico vigente e também, até certo ponto, a prosódia e a ortoépia das palavras de um idioma.
Outra função é dar a classe gramatical dos vocábulos que arrola e, em alguns casos, formas mais ou menos irregulares do feminino de substantivos e adjetivos, plurais de muitos compostos, homônimos e parônimos.”
Já podemos imaginar o que vai acontecer, mais cedo ou mais tarde. Nem precisa ser vidente.
Compõe-se a ABL, com sede no Rio de Janeiro, de 40 membros efetivos e perpétuos, e 20 sócios correspondentes estrangeiros.
O estatuto da Academia Brasileira de Letras “estabelece que para alguém candidatar-se é preciso ser brasileiro nato e ter publicado, em qualquer gênero da literatura, obras de reconhecido mérito ou, fora desses gêneros, livros de valor LITERÁRIO”. (Ninguém falou em valor científico ou comercial).
Em vez de grandes escritores e renomados filólogos, lexicógrafos, linguistas, gramáticos, vemos com apreensão entre seus membros, em número cada vez maior, cantores e atores famosos, jornalistas, renomados médicos e economistas.
Por que não fazer uma Academia Brasileira de Notáveis, em vez de desvirtuar a finalidade de uma instituição cultural que já foi tão notável?
Não trato aqui do valor pessoal (ou não) de seus membros. Afinal cabe à ABL assinar acordos ortográficos.
Ouvi a fala de um de seus novos membros com erros crassos até de colocação de pronomes.
A esquerda, que não prega prego sem estopa, segue uma agenda global que, a meu ver, sem construir nada de relevante, dedica-se a destruir TODOS os valores que constituem os pilares da nossa civilização ocidental, em afrontoso sistema político no qual as minorias oprimem e escravizam a maioria.
Discurso de Machado de Assis 20 de julho de 1897
“Senhores, Iivestindo-me no cargo de presidente, quisestes começar a Academia Brasileira de Letras pela consagração da idade. Se não sou o mais velho dos nossos colegas, estou entre os mais velhos. É simbólico da parte de uma instituição que conta viver, confiar da idade funções que mais de um espírito eminente exerceria melhor. Agora que vos agradeço a escolha, digo-vos que buscarei na medida do possível corresponder à vossa confiança. Não é preciso definir esta instituição, iniciada por um moço, aceita e completada por moços, a Academia nasce com a alma nova, naturalmente ambiciosa. O vosso desejo é conservar, no meio da federação política, a unidade literária. Tal obra exige, não só a compreensão pública, mas ainda e principalmente a vossa constância. A Academia Francesa, pela qual esta se modelou, sobrevive aos acontecimentos de toda casta, às escolas literárias e às transformações civis. A vossa há de querer ter as mesmas feições de estabilidade e progresso. Já o batismo das suas cadeiras com os nomes preclaros e saudosos da ficção, da lírica, da crítica e da eloquência nacionais é indício de que a tradição é o seu primeiro voto. Cabe-vos fazer com que ele perdure. Passai aos vossos sucessores o pensamento e a vontade iniciais, para que eles o transmitam aos seus, e a vossa obra seja contada entre as sólidas e brilhantes páginas da nossa vida brasileira. Está aberta a sessão.”
Jornalista, fotógrafa e tradutora.
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