Há um consenso cristão de que toda experiência ruim traz aspectos positivos e grandes aprendizados. Até nas guerras.
Imagem – Google – Freepik
Em parte pode ser verdade, pois não há como remediar um fato dado, é mais prático aceitá-lo e ponto.
Mas a história explica muitas outras coisas a serem levadas em conta. A questão comportamental é o fundamento principal de todas as grandes epidemias da história, seja restrita ou pandêmica.
Essa pandemia de 2020 está tão fora de parâmetros que é difícil avaliar onde se encaixa, porque ninguém, vivo hoje, pode dar um depoimento sobre o que aconteceu e durante a gripe espanhola, em 1918. Os poucos que hoje têm 103 anos, estariam nascendo naquele período. Por isso se ouve tanto: “quero que esse ano acabe!”, como se virar a folha do calendário torna-se possível deixar tudo para trás. Ou o mal tivesse temporalidade tão definida.
O que reverbera pelo mundo afora é o “nunca vivi momentos tão terríveis assim na minha vida!”. Unanimidade que dificilmente será esquecida por nós e as futuras gerações. E esse é só o começo de outro exemplo em que seres invisíveis levam vantagem em relação ao líder absoluto da cadeia alimentar: o homem.
Definitivamente, a inteligência humana não é suficiente para combater o coronavírus, apesar de a comunidade científica estar debruçada nos estudos para descobrir vacinas eficazes para combatê-lo.
Ao longo da história, o confronto entre humanos e vírus e bactérias, por milhões de anos, sempre foi e continuará sendo dramático. Até que se aprenda que não se deve invadir biomas intactos, sem o respaldo dos métodos científicos. Ainda hoje há muitos ecossistemas intactos no mundo, que não devem ser penetrados sem que se conheça o que vive neles. Tema recorrente.
Mas como extrair algo de positivo no atual cenário? Os países que comemoraram vitória nessa atual batalha antes do tempo, liberaram procedimentos e o convívio social, tiveram que votar atrás. A quarentena não foi suficiente e os índices de contágio voltaram a subir.
O coronavírus, versão 2019, ainda vai nos castigar até que as vacinas, feitas às pressas, se mostrem eficazes. Estamos de volta ao ponto inicial em termos de combate ao vírus, isolamento social e contágio.
Tudo o que está acontecendo hoje, em algum tempo, será tema de sagas, filmes e livros no futuro, tudo por questão comportamental. Muito provavelmente isso causará incredulidade do porquê os humanos de nosso tempo desafiaram um vírus potencialmente letal, desrespeitando os protocolos de não infecção. Tal como vemos hoje a peste negra, na Idade Média, em vários contextos, causaram a morte de milhões de vidas humanas.
Apesar dos métodos rudimentares daquele tempo, a pesquisa científica cresceu e os primeiros protocolos de quarentena foram aprendidos. Se hoje temos capacidade de lidar com pandemias, prevenção e higiene como ponto fundamental para evitar o contágio, por que estamos vivendo um retrocesso?
Do passado para o nosso tempo houve um avanço indefinível, não só na medicina como em diversas áreas da ciência. Não temos educação, no sentido mais amplo.
Hoje temos tantos recursos, acesso informações em tempo real, medicamentos, acesso a tratamentos, mas não temos o básico: educação.
Em que pese a prevalência de miséria em quase todos os continentes.
Ninguém vive tão isolado a ponto de não saber o que está acontecendo.
Na idade média, o adensamento urbano, a falta d’água, de rede de saneamento, higiene em amplo sentido e a coabitação com roedores foram os responsáveis pelo extermínio de um terço da população europeia. Mas hoje não é o desconhecimento que compromete a escalada nas estatísticas.
Qual é o aprendizado da vez então?
Educação, educação e educação.
A espécie humana é interativa, necessita viver em coletividade, mas continuamos repetindo erros primários.
O contágio se dá por contato.
Tudo o que está acontecendo é fruto da imprudência e falta de compromisso para com o próximo.
Se o paciente número zero penetrou em um bioma intacto lá na China e difundiu o vírus em seu meio ou se foi um possível vazamento do coronavírus em laboratório, dá no mesmo.
A situação está incontrolável e o ciclo de infecção recomeça.
O isolamento social será reiniciado e é possível que essa tragédia avance para 2021.
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