Nas últimas semanas, o Brasil passou por uma série de episódios que indicam – peraê, “indicam” nada, PROVAM – a frase que inicia essa postagem e que resume minha tese:
Desde a derrota da esquerda nas urnas o Brasil está em uma guerra civil não declarada.
Ainda.
Senão, vejamos:
Invasão de celulares e compartilhamento de dados roubados tornam-se comuns e são usados como instrumento de chantagem e coerção contra o governo.
O Ministro da Educação é agredido verbalmente em uma viagem em família.
Um vídeo de uma mulher com uma faca ameaçando o presidente é postado abertamente – e fica por isso mesmo.
Uma torcedora, em uma partida de futebol, intimida e ofende outra torcedora, acompanhada de uma criança – e há quem culpe a vítima.
O governador de uma unidade da federação recusa-se a fornecer proteção policial do Estado que governa, em visita oficial do presidente.
Nas redes sociais as pessoas dividem-se abertamente de acordo com suas posições políticas – e recusam-se a qualquer contato com membros do outro grupo.
A situação no Brasil de hoje me lembra um livro de Stephen King – infelizmente fora de catálogo – chamado “Trocas Macabras”, no qual um estranho comerciante, o sr. Leland Gaunt, se instala na cidade de Castle Rock, no Maine.
O que vende o sr. Gaunt?
Na verdade, nada. Como o péssimo título em português indica, ele faz trocas: troca objetos muito desejados pelos clientes, por pequenos e “inocentes” favores a serem prestados a ele.
Através desse artifício, Leland Gaunt transforma a pacífica Castle Rock em um campo de batalha, jogando os moradores uns contra os outros: até o confronto final, que destrói totalmente a cidade.
Como vocês já devem ter adivinhado, o sr. Gaunt não é um comerciante tradicional.
Quem negocia com Leland Gaunt na verdade está negociando sua alma. É isso que ele busca, é isso que ele é.
Sherlock Holmes dizia que, quando eliminamos o impossível, o que sobra, por mais improvável que seja, deve ser a verdade.
Parece que, no caso do Brasil, não apenas um, mas DEZENAS de Lelands Gaunts se instalaram aqui e se dedicam à sistemática destruição do frágil e esgarçado tecido civilizacional que nos une.
Se nada for feito, nosso destino é a secessão.
Ou repetirmos Castle Rock.
Acho que é esse o objetivo.
Professor e historiador como profissão – mas um cara que escreve com (o) paixão.