10 de dezembro de 2024
Colunistas Ilmar Penna Marinho

O impeachment unânime do governador do Rio de Janeiro


Pela primeira vez, na vergonhosa história política do Estado do RJ, em que 5 ex-governadores já foram presos e o penúltimo condenado a 280 anos de prisão, foi aberto por unanimidade e numa única votação um processo por “crime de responsabilidade” contra um Governador. Trata-se do impeachment do atual Governador Wilson Witzel.
A pífia biografia do desconhecido ex-juiz Witzel evidencia o abuso de um discurso anticorrupção na campanha eleitoral para abocanhar decisivos votos bolsonaristas, que o elegeram Governador.
Com um ano de mandato o seu senso de oportunismo o levou a se proclamar um opositor do governo federal e se autopromover presidenciável, em 2022.
Na sua curta investidura no poder se notabilizou pelo seu total descaso para a grave crise de abastecimento de água. Um pesadelo que atingiu na virada do ano a segunda maior cidade e a mais turística do Brasil. Mal começou 2020, sem nenhuma notificação, criminosamente a CEDAE surpreendeu a população com uma água fedorenta e escura, logo comprovada como contaminada.
O Governador primeiro tentou ocultar o “tamanho da crise hídrica” e depois se saiu com essa: não tenho nada a fazer, o Estado não dispõe dos recursos para uma solução imediata.
Ainda se vangloriou: somente se for levado adiante o “meu projeto de privatização” da CEDAE, que lucrou “R$ 800 milhões em 2019”, o abastecimento no RJ se normalizará.
Durante a discussão dos limites dos Estados e Municípios diante do devastador avanço da pandemia, em decisão unânime do STF e foi reafirmado o direito que dispunham de “editar medidas em defesa da saúde e sem aval da União”.
Assim, diante do estado de calamidade pública e consequentemente com a dispensa de licitações, os Estados e Municípios promoveram, em março, um festival de compras emergenciais.
Chamou atenção o montante dos gastos públicos e a absurda variação dos preços.
Até a semana passada, os Estados gastaram R$ 687 milhões somente nas compras de respiradores. Os preços unitários variaram de R$ 40 mil aos estratosféricos R$ 226 mil.
Na maioria dos Estados, a entrega dos hospitais de campanha se deu com atrasos. No Rio de Janeiro as inaugurações ignoraram o cronograma. A eleitoreira promessa de inaugurar sete unidades até o dia 30 de abril nunca foi levada a sério pelo Governo Witzel. Apenas os hospitais do Maracanã, na Zona Norte do Rio, e de São Gonçalo na Região Metropolitana, foram abertos, após sucessivos atrasos e com menos leitos do previsto.
Não existe crime mais hediondo nesses tempos de letal coronavírus do que a corrupção na saúde. O Rio de Janeiro tem hoje a mais alta taxa de letalidade do Brasil com 9,6%.
Causa a maior indignação na enlutada família brasileira saber que se intensificaram as suspeitas de um grande esquema de corrupção no RJ, em especial nos hospitais de campanha.
A cúpula do Governo está envolvida: recentes buscas e apreensões foram efetuadas no Palácio das Laranjeiras (sede do Governador), na sede do Executivo e “na antiga casa em que o mandatário morava antes de assumir o governo”.
O presidente da ALERJ apoiou a “decisão coletiva e saudável” do impeachment e não deixou dúvidas sobre o futuro do Estado: “a gente precisa que o governador governe, que tenha gestão”. E para os eleitores, melhor ainda se for sem suspeitas de corrupção.
A população aguarda a VITORIOSA destituição do Governador do Rio de Janeiro.
Ilmar Penna Marinho Jr

Advogado da Petrobras, jornalista, Master of Compatível Law pela Georgetown University, Washington.

Advogado da Petrobras, jornalista, Master of Compatível Law pela Georgetown University, Washington.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *