Eis aí mais um dos meus “garimpos” do começo dos anos 1990. Na foto, este então jovem repórter se preparava para posar ao lado do recém-lançado Fiat Tempra 16 válvulas, em 1993, quando era o setorista de automóveis da antiga revista ELE ELA (veja uma reprodução no final do post). Me lembro que a nova versão do sedã médio da montadora italiana me impressionou bem, com um desempenho mais divertido que a inicial. Isso porque, enquanto o primeiro Tempra oferecia apenas 99cv para movimentar seus pouco mais de 1.200 kg, este gerava 127cv – isso oficialmente, pois muitos colegas jornalistas juravam que o número real era 145cv, “desidratado” na documentação para não fazer o carro pular para uma faixa mais alta de impostos.
Ainda hoje acho o desenho do Tempra bacana, com suas linhas retonas e certa imponência. Naqueles tempos, de certa forma, ele fazia o papel de substituto (ou descendente) do Alfa Romeo 2.300 nacional, que deixara de ser produzido em meados da década anterior pela mesma Fiat. Embora não tão sofisticado quanto o (proporcionalmente muito mais caro) Alfa, o Tempra era também muito bem acabado e, pelo menos em minha lembrança, bem espaçoso e confortável.
O primeiro dezesseis válvulas
Se não me engano, esse foi o primeiro modelo nacional a utilizar um comando duplo, com 16 válvulas, no motor. A coisa funcionava de um modo meio brusco: até uns 3.000, 3.500 giros, apenas o primeiro jogo de válvulas atuava. Quando seu pé direito apertava mais o acelerador e os RPM cresciam, o segundo jogo de válvulas entrava em cena e o ganho de desempenho era explícito.
Embora estivesse longe de ser um esportivo, mesmo naqueles tempos, aquele Tempra acelerava de 0 a 100 km/h em menos de 10 segundos e era capaz de ultrapassar os 200 km/h, marcas respeitáveis para a época.
O carro trazia outras inovações bacanas, como freios ABS de série – que eu “testei” em uma curva com óleo no asfalto em plena serra de Petrópolis, ficando agradavelmente impressionado com o ganho de controle e segurança que ele proporcionava. Os freios, aliás, eram a disco nas quatro rodas, outra novidade no panorama local.
Me lembro que, na mesma serra, forcei um pouco o carro em algumas curvas e senti confiança. E da relativa facilidade com que ele ganhava velocidade para as ultrapassagens, rugindo afinado e satisfeito.
Algum tempo depois, a Fiat resolveu apimentar de vez o Tempra e lançou duas versões do modelo com motores turbinados, que passavam dos 160 cv, aceleravam bem mais rápido e, segundo a marca, chegavam aos 220 km/h. Testei, também ambas – o cupê de duas portas e o topo de linha Stile. Mas isso é assunto para outro post.
Fonte: Blog Rebimboca