29 de abril de 2024
Veículos

Na(s) estrada(s) com o Chevrolet Tracker RS 2024

Por estes dias, tive a oportunidade de avaliar um SUV compacto da maneira ideal em relação ao seu, digamos, propósito de existência. E isso implica em usá-lo em ambientes e condições bem variadas, já que a proposta desse tipo de veículo – ao menos na propaganda – está sempre relacionada à versatilidade, esportividade e um pelo menos um tantinho de robustez para caminhos menos perfeitos. O SUV em questão – como as fotos e o título já entregaram de cara ao amigo leitor – foi o Chevrolet Tracker, em sua nova versão RS.

No total, foram pouco mais de 520 km rodados, na maior parte do tempo em boas rodovias e, também, por trechinhos de estrada de terra, na bela na região de São Pedro da Serra, Nova Friburgo – como as mesmas fotos também entregam (incluindo a camada de poeira que recobre a carroceria).

Vale explicar que o Tracker RS de nosso teste é de sua nova versão RS, lançada já como linha 2024, e que ocupa o segundo posto, de cima para baixo, na tabela de preços para esse modelo na linha Chevrolet. E essa posição faz com que combine em sua receita ingredientes dos dois extremos da lista, tanto dos que são mais simples – ou seja, itens que não estão ali, como o espelho retrovisor interno, que não tem sistema antiofuscante (fotocrômico) automático –, quanto do que é mais sofisticado. Isso e outros detalhes estéticos, sobre os quais falo mais ali adiante.

Da topo de linha Premier, ela traz, por exemplo, o simpático teto solar panorâmico, que torna viagens como as que fiz, em caminhos que atravessam florestas e outras belas paisagens, ainda mais prazerosas para os de bordo. Esse teto, com acionamento elétrico no console do teto, é fácil de usar, tem uma operação suave e silenciosa e, fechado, isola perfeitamente a cabine. Aberto e sob o sol (de inverno…), porém, deixou a impressão de que o carro mereceria um ar condicionado de capacidade um pouco maior.

Mas o que traz de melhor dessa parte de cima da tabela é o motor 1.2 turbo flex de três cilindros, de até 133 cv de potência e 21,4 kgfm de torque (as demais contam com um 1.0, também turbinado, mas menos potente). Casado de forma harmoniosa com um câmbio automático de seis marchas, ele fornece força suficiente para levar os pouco mais de 1.200 kg do carro com facilidade.

Serra acima com o Chevrolet Tracker RS

Isso ficou bem claro na subida da rodovia Serramar (RJ-162), que liga Casimiro de Abreu a Lumiar, distrito de Nova Friburgo. Serra (como indica o nome) acima, com um trajeto estreito e muito sinuoso, mas com pavimentação em ótimo estado, a estrada dava as condições perfeitas para uma avaliação desse tipo. Com o carro bem carregado de bagagens e três adultos a bordo, o Tracker subiu com tranquilidade.

Vá lá que o câmbio automático de seis marchas desse Chevrolet – que é o mesmo usado atualmente em quase toda a linha vendida no Brasil – não é exatamente empolgante, mas faz as trocas quase sempre no tempo correto. E basta pisar um pouco mais fundo no acelerador para o Tracker responder. Juntando isso a uma suspensão bem ajustada, que conseguem manter o carro no prumo (sem grandes oscilações) sem sacrificar o conforto, o resultado é um automóvel gostoso de se dirigir e que passa confiança – desde que dentro de padrões ajuizados de civilidade.

E mesmo nos quilômetros que rodei em estradinhas de terra – nenhum deles realmente ruim ou com lama, mas com trechos bem íngremes e alguns desníveis e pedras um pouco maiores – esse SUV mostrou ter altura do solo, torque em baixa rotação e maneabilidade suficientes para um rodar tranquilo e despreocupado.

Melhor, só se houvesse borboletas (paddle shifters) para redução manual das marchas atrás do volante. Nas descidas mais prolongadas, como na da mesma Serramar, no percurso de volta, fiz essas trocas de velocidade usando o botãozinho ao lado da alavanca do câmbio, no assoalho. E, para isso, ainda é necessário mover essa alavanca para a posição “L” e, assim, usar o freio motor de forma mais racional. Funciona, claro, mas tira um pouco do prazer de dirigir.

Chevrolet Tracker RS anda bem, mas bebe pouco

Para ter uma noção mais precisa do consumo dessa Tracker, usei os dois “perfis” do computador de bordo durante nosso teste, sempre com gasolina no tanque. No primeiro, zerado no momento em que deixei a concessionária, medi o que foi gasto no percurso total, de mais de 520 km, dos quais cerca de um terço foram rodados em ciclo urbano e o restante entre rodovias e estradinhas, com velocidades máximas permitidas entre 40 e 100 km/h. Ao final, este registro apontou uma média de 12,5 km/litro.

No segundo perfil, medi trechos específicos. Marquei por exemplo, 9,8 km litro durante dois dias de trânsito muito intenso e um atalho para fugir de engarrafamentos, que me exigiu a subida de ladeiras bem íngremes. Em outros dois dias, em trânsito “normal”, a marca ficou em 10,5 km/litro. A boa surpresa, porém, eu tive ao rodar um trecho plano de cerca de 80 km em boas rodovias e média de velocidade de 80 km/h: 17,1 km/litro.

Manter esses 100 km/h – ou um pouco mais que isso – é fácil e exige poucos giros do motor, por méritos do torque abundante desses propulsores turbinados e, também, pelo bom escalonamento das marchas, claro. É ajustar o “piloto automático” e ir em frente na serenidade. Como reforço da segurança, há um sensor de distância com aviso de colisão frontal e frenagem automática de emergência – que acende uma luz vermelha no painel quando interpreta perigo iminente – e um detetor de ponto cego, que aciona ícones luminosos nos suportes dos espelhos retrovisores externos.

E o tal RS, o que muda no Tracker?

Antes de mais nada, vale lembrar que, na atual linha Chevrolet, a sigla RS se refere exclusivamente a um pacote específico de acabamento e acessórios, não envolvendo nenhum tipo de ganho de potência ou mesmo comportamento (suspensão, regime de funcionamento ou algo assim) em relação a outras versões “normais” dos diversos modelos. Assim era com o recém-finado Cruze RS, é com a picape Montana RS (confira aqui o nosso test-drive com ela), com o importado Equinox RS e com o simpático hatch compacto Onix RS; assim é com o Tracker. Ou seja, o “Rally Sport” de origem da sigla é, literalmente, simbólico.

Se não acrescenta desempenho, porém, esse “estilo esportivo”, no entanto traz interessantes pitadas de customização para o campo “de série”. Como já comentei em outros posts, não acho que haja nada de errado nisso, uma vez que não se tente vender gato por lebre – ou melhor, lebre por gato, posto que a primeira corre mais do que o segundo. E esses “pacotes RS” costumam, para além do visual, somar alguns ganhos que apontam para um bom custo-benefício, comparativamente a outras versões desses modelos.

Além dos já mencionados teto solar panorâmico e do motor 1.2, o pacote inclui, no caso dessa Tracker, itens como lanternas e faróis dianteiros tipo projetor em LED com máscara negra e luzes auxiliares para manobras, central multimídia com conectividade sem fio para Android e Apple, conexão wi-fi “residente”, sistema de apoio On-Star (pagos) e câmera de ré. E detalhes exclusivos da versão, como uma grade frontal com padrão “colmeia” e detalhes em preto brilhante, com logos da Chevrolet em preto, para-choques com o mesmo acabamento , rodas de liga leve de 17 com acabamento – adivinhe só – preto “High Gloss” e logos RS, em vermelho. Por dentro, bancos (que são muito bons, aliás), volante de base reta, painel de porta e console têm acabamento “premium” preto e costura com detalhes em vermelho.

No mais, a versão mantém os bons atributos do modelo, como ótima ergonomia, simplicidade e facilidade de visualização e uso de recursos pelo motorista, bom isolamento acústico, acabamento sem muitas firulas, mas caprichado e espaço interno suficiente para quatro adultos viajarem confortavelmente. E, no porta-malas, cabem 393 litros de bagagens – mais, por exemplo, que os 373 do rival T-Cross, da VW, mas menos que os 422 do Hyundai Creta.

E então?

O Chevrolet Tracker é talvez o SUV compacto mais equilibrado do mercado, tanto em termos do que oferece em espaço e recursos, quanto em acabamento e dirigibilidade – especialmente quando equipado com esse motor 1.2. Essa versão RS traz uma série de detalhes estéticos que a deixam, mesmo, com um jeitão mais jovial e que, pelo menos para o meu gosto, combinam muito bem com seu estilo.

Ela vem com boa parte dos itens desejáveis da topo de linha Premier – além do motor, o teto solar panorâmico, o acabamento interno caprichado (e personalizado) e a multimídia reforçada com serviços e conectividade wi-fi. Custa hoje R$ 159.750 – exatos R$ 2.900 a menos que a topo de linha Premier (de R$ 162.650), que tem um visual um pouco mais sóbrio, ou comum, mas é ligeiramente mais bem equipada – trazendo itens bacanas como o carregador sem fio para celular e bem mais prático espelho retrovisor interno fotocrômico, antiofuscante.

Ou seja, embora já tenha um pacote interessante, a RS só vai ser atraente, mesmo, para quem valoriza particularmente a sua parte estética. Se esse simpático visual “mais esportivo” não lhe despertar nenhum sentimento mais arrebatador, levar a Premier me parece ser mais vantajoso.

Chevrolet Tracker RS 2024 – Ficha técnica (dados do fabricante, álcool/gasolina)

Motor – dianteiro, transversal, 3 cilindros em linha, 1.2, 12 válvulas, comando duplo, turbo

Potência: 132/133cv a 5.500 rpm

Torque 19,4/21,4 kgfm a 2.000 rpm

Câmbio: automático de 6 marchas; tração dianteira

Direção com assistência elétrica

Suspensão: independente, McPherson (diant.) e eixo de torção (trás)

Freios: discos ventilados (diant.) e eixo de torção (tras.)

Rodas e pneus: 215/55 R17, rodas de liga leve

Dimensões: (metros): Compr.: 4,27, Largura: 1,79, Altura: 1,62, Entre-eixos: 2,57 m

Capacidades (litros): Tanque 44, Porta-malas 393

Peso: 1.271 kg

Garantia: 3 anos

Os preços de todas as versões do Tracker 2024:

Versão Preço

1.0T AT R$ 127.690

LT R$ 131.960

Midnight R$ 141.960

LTZ R$ 144.090

RS R$ 159.750

Premier R$ 162.650

Obs: as versões AT, LT, Midnight e LTZ são equipadas com o motor flex 1.0 turbo, também de três cilindros e que gera até 116 cv de potência e 16,8 kgfm de torque.

Fotos por Henrique Koifman

Fonte: Rebimboca Comunicação

Henrique Koifman

Jornalista, blogueiro e motorista amador.

Jornalista, blogueiro e motorista amador.

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