16 de abril de 2024
Veículos

Coronavírus faz montadoras puxarem o freio de mão, mas não deixe seu carro adoecer


Ao longo dos últimos dias, uma a uma, todas as grandes montadoras instaladas no Brasil foram avisando que interromperiam suas atividades produtivas. Além delas, importadores e fabricantes de peças e componentes tomaram a mesma medida. Embora isso continue parecendo “radical demais” para alguns, neste momento, evitar o contato de pessoas com pessoas é a única medida prática comprovadamente eficiente para diminuir a velocidade com que o coronavírus se espalha pelo país – e, com isso, o número de mortes por falta de meios para atendimento de doentes. Mas não estou aqui para repetir o que várias editorias, bem mais capacitadas e informadas sobre o tema do que eu, têm postado e publicado. Minha ideia dar aqui alguns conselhos sobre o que fazer com o seu carro nesses dias. E também, sem maiores pretensões de exatidão (sou péssimo com bolas de cristal), falar sobre que tipo de impacto essa paralisação pode ter em nosso mercado de automóveis.
Vamos primeiro a alguns conselhos práticos
Durante o período de quarentena, saia o mínimo possível de carro (e, quando sair, siga as instruções que demos aqui no post anterior, para higienização do interior do seu possante). Embora os postos de gasolina estejam abertos, quanto menos carros estiverem nas ruas, mais rapidamente quem estiver se deslocando com urgência chegará ao destino. Além do mais, claro, dentro de casa, as possibilidades de contágio e de transmissão serão sempre menores.
Por outro lado, a inatividade pode ser terrível para a saúde de um automóvel. Por isso, pelo menos uma vez por semana, vá até a garagem e ligue o motor do carro, deixando que funcione por uns 10 minutos. E, se possível, ande um pouquinho para frente e para trás, usando freios, câmbio e movimentando os pneus e a direção. Ligar o ar-condicionado, uma vez ao mês, é outra medida recomendável. Tudo isso tem o intuito de manter os vários sistemas do automóvel lubrificados, sem ressecamentos. Mas, atenção: nunca deixe o motor do carro funcionando em ambientes sem ventilação adequada. Se possível, abra a porta da garagem e todas as janelas que nela houver, de modo que os gases do escapamento não se concentrem no ambiente. Se isso não for possível, deixe o carro quieto. Quando as coisas melhorarem, se tiver algum problema, você recoloca ele em ordem. É muito mais fácil consertar carro do que gente. Fique bem.

E o mercado?
A princípio, o freio de mão da indústria ficará puxado por algo entre 20 e 30 dias. Mas a julgar pelo que está ocorrendo em outros países, é provável que esse prazo se alongue, chegando – no pior cenário – a ultrapassar três meses (tomara que não, toc, toc, toc.). Com isso, a primeira coisa que obviamente vai acontecer é que todos os lançamentos de novas versões e modelos serão adiados. E mesmo lançamentos recentes – como o do novo Chevrolet Tracker, por exemplo – tendem a ter seu impacto um pouco diluído e, quem sabe, serem “repetidos” com ações de marketing quando esse pesadelo acabar. Afinal, assim como os operários e demais empregados das fábricas, as equipes das concessionárias e os potenciais compradores de carros estarão em suas casas.
Daí que, pela primeira vez em muito tempo, os modelos 2021 da maioria das marcas perigam ser efetivamente apresentados no final de 2020 ou, quem sabe, no começo de 2021 mesmo. É isso ou “pular o calendário” e lançá-los como modelos 2022 – o que, entre outras coisas, criaria um estranho “buraco” fictício no mercado de usados.
Por outro lado, uma parte da fornada de carros fabricados nestes três primeiros meses do ano ficará “nas prateleiras” por uns meses. As vendas não estavam exatamente aquecidas e as exportações para outros países do Mercosul estão igualmente paralisadas, o que me faz intuir que essas prateleiras possam estar razoavelmente cheias. Talvez isso faça com que, no recomeço das atividades, alguns carros novos sejam oferecidos com um bom desconto.
Indústria solidária
Fiquei pensando em um paralelo para o que vivemos, em termos “industriais”, e me ocorreu o período da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), durante o qual a maioria absoluta das fábricas de carros nos EUA e na Europa ou interromperam suas produções, ou foram obrigadas a fabricar outro tipo de produto para o chamado esforço de guerra. Assim, a Ford produziu aviões e jipes e outras montadoras, da mesma forma, se dedicaram a fabricar armas, tanques, peças e componentes para as forças armadas.
Daí não ter me surpreendido tanto quando, há alguns dias, a mesma Ford norte-americana anunciou que fabricaria respiradores – equipamentos fundamentais para salvar os pacientes mais graves da covid19. E tive até esperança de que, aqui no Brasil, outras indústrias se propusessem a fazer o mesmo. Embora nenhuma delas tenha, até aqui, se proposto a fabricar respiradores, hoje (25/3) a General Motors anunciou que está criando uma força-tarefa com volutários em suas fábricas para consertar os estimados mais de 3 mil equipamentos desse tipo danificados que existem no Brasil. A Volkswagen, por sua vez, divulgou a doação de 2 mil máscaras de proteção para equipes médicas no atendimento de pacientes com o covid19, colocando, também, uma frota de 100 carros à disposição dessas equipes em São Paulo. Um bom começo.
Fonte: Blog Rebimboca

Henrique Koifman

Jornalista, blogueiro e motorista amador.

Jornalista, blogueiro e motorista amador.

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