7 de maio de 2024
Veículos

Como é o Fiat Fastback Abarth Limited Edition?

Recentemente, tive a oportunidade de passar uma semana com o Fiat Fastback Abarth Limited Edition, versão mais cara e potente do novo SUV cupê da Fiat. Derivado do também recente SUV Pulse, do qual traz boa parte de seus componentes (e virtualmente, toda a dianteira), o Fastback consegue ser bem diferente desse “irmão mais velho”, não somente no desenho inclinado de sua traseira – que é de onde vem seu nome –, como também em termos de espaço e comportamento dinâmico. Convido você a conhecer o modelo neste post.

O Fastback foi lançado em setembro de 2022, pouco mais de um ano depois do Pulse, que por sua vez, foi o primeiro SUV da marca Fiat por aqui. Digo da marca porque o Grupo Stellantis, ao qual ela pertence, também abriga a grande especialista – e líder absoluta – nesse segmento no Brasil, a Jeep.

E, embora os modelos oferecidos sob ambas insígnias sejam bem diferentes em quase tudo, especialmente “no jeito de andar”, no caso específico do Fastback que testei, na versão topo de linha, eles compartilham o fundamental: o coração – um motor 1.3 turbo flex de quatro cilindros que produz até 185 cv de potência e 27,5 kgfm de torque e que está presente ao menos como opção em todos os modelos da Jeep e também na picape média da própria Fiat, a Toro. E é isso que faz toda a grande diferença desse cupê altão para praticamente todos os outros SUVs desse tamanho produzidos atualmente no Brasil. Ele anda, e anda muito, mesmo.

Acelerar e sorrir

É pisar fundo no acelerador para fazer com que ganhe velocidade rugindo animado, com sobras de energia para avançar pelo mundo afora. Ainda que sua caixa de marchas automática de seis velocidades não seja das mais rápidas, segundo a Fiat, essa aceleração de 0 a 100 km/h acontece em 8,1 segundos. A performance fica mais apimentada quando acionamos uma simpática teclinha vermelha no volante, que traz um escorpião estampado (símbolo da vertente esportiva Abarth), e que faz com que as marchas sejam “esticadas”, levantando os giros do motor, enquanto a direção fica visivelmente mais firme. Tudo em nome da diversão.

Vá lá que a suspensão não acompanhe lá muito de perto esse clima “racer” da coisa, e demonstre ter sido ajustada pensando muito mais no conforto que no desempenho. Além disso, na traseira, ela utiliza o tradicional e mais simples e barato sistema com barra de torção – e não o mais sofisticado (e caro) e eficiente esquema multilink de seus primos Jeep Compass e Fiat Toro.

Não que o Fastback seja instável, mas especialmente em manobras mais bruscas de direção e aceleração, ele oscila e não somente para as laterais. Provavelmente devido a sua altura e à área em balanço após o eixo traseiro, a transferência de peso é perceptível. Para quem, como eu, já guiou o “mano” Pulse, ainda que na versão Impetus, com motor menos potente, a diferença é clara. Aquele SUV mais curto – e que também está ganhando uma versão Abarth, com a mesma mecânica 1.3 – é mais bem acertado nesse sentido. Melhor ainda, claro, seria, digamos, um Argo Abarth, com essa mesma mecânica de 185 cv, mas isso fica, ao menos por hora, no campo – ou na garagem – dos sonhos.

Aparências e recursos

No mais, o desenho bacana da carroceria do Fastback – que, aliás, nesta versão é destacado por rodas de liga leve de 18 polegadas bem interessantes – mantém o nível quando se abre sua porta. Esta versão Abarth, além de tudo o que vem na bem equipada Impetus 1.0 turbo, tem alguns detalhes personalizados e traz uma forração em couro caprichada nos bancos, que aliás são confortáveis e apoiam bem o corpo. O painel de instrumentos é digital e traz as informações de maneira clara, com algumas (não muitas) opções de configuração e jeitão esportivo. Quando você aperta a tal teclinha do escorpião no volante multifuncional – o melhor lugar para se colocar um comando desses – o mostrador central (velocidade/conta-giros) muda de toma para vermelho pimenta.

A central multimídia é do tipo flutuante, fica destacada se do painel como no restante da atual linha Fiat, com um desenho que lembra um pouco o de uma antigo monitor de TV, com seus botões. Ela é bem completa e intuitiva e, nesta versão, vem com um GPS residente – algo cada vez mais raro de se ver – que dá direções e condições de trânsito em tempo real, funcionando bem o suficiente para que eu nem me lembrasse do waze.

As forrações são bem feitas e, mesmo com grandes áreas com plástico duro, o isolamento da cabine é ok. Ele deixa – e ainda bem – que você escute o motor rugindo nos giros mais altos, filtra bem os ruídos externos. Mas, pelo menos com o exemplar que usei, deu para escutar a suspensão e os pneus trabalhando um pouco mais alto do que eu gostaria – lembra que eu mencionei que ele utiliza barras de torção no eixo traseiro, e não multilink?

Nas rodas traseiras, aliás, os freios são a tambor e, embora eu não tenha percebido qualquer limitação na frenagem do carro, para um modelo de temperamento esportivo que tem um escorpião como símbolo, mais eficientes discos em todas as patinhas, quer dizer, rodas, pegaria bem.

Em termos de ergonomia, no geral todos os comandos estão à mão do motoristas e/ou ao alcance de seus olhos e a posição de dirigir é boa – embora o espaço para as pernas seja um pouco limitado pela largura um pouco exagerada do console central. Entre os bancos, esse exagero dificulta até prender e soltar o cinto de segurança dos dois ocupantes. E já que estamos na seção de críticas, vale mencionar a pouca visibilidade à traseira, por conta do belo desenho “fastback” que, com o vidro mais para deitado, reduz muito sua área disponível no espelho retrovisor. Nesse caso, porém, é um ônus a se pagar em nome do estilo e da beleza e que é quase que totalmente compensado por bons espelhos laterais, sensores de distância e pela providencial – e boa – câmera de ré.

O espaço para os passageiros no banco de trás é bom para sua categoria e ali viajam quatro adultos, não muito altos, com conforto. Mas o – sendo redundante – grande destaque desse Fastback é mesmo seu generosíssimo porta-malas, capaz de engolir até 516 litros de bagagens. Além de oferecer lugar para tudo, com sua imensa tampa, é facílimo colocar e arrumar ali as tralhas.

No quesito segurança, o Fastback traz quatro air-bags – seu concorrente VW Nivus, por exemplo, oferece seis… – e os fundamentais, especialmente para um carro forte e alto como ele, controles de tração e de estabilidade, assistente de partida em rampa, frenagem autônoma de emergência, alerta de ponto cego e alerta de mudança de faixa com atuação sobre o volante. O carro vem também com controle automático de faróis (de LED) altos e aquelas luzes dianteiras inferiores bacanas que se acendem em curvas e manobras.

Pequena pausa para contextualização:

Até nem tanto tempo assim, o segmento dos esportivos utilitários, os SUVs, era menos complexo. Numa análise bem simplificada, comprar um, geralmente era como, escolher uma camisa, com variáveis básicas, do tipo tamanho P, M e G, cor e marca – e, de acordo com ela, o preço. No mais, quase todos os modelos tinham mais ou menos a mesma “pinta”, dois volumes bem definidos e um estilo que remetesse a robustez, espírito aventureiro, mais relacionado ao utilitário que ao esportivo da sigla. Hoje, não mais.

Com a enorme quantidade de marcas e modelos de SUV disponíveis por aí, incluindo o nosso mercado, oferecer opções que fujam um pouco do estilo aventureiro padrão passou a ser um caminho interessante para que as montadoras pudessem conquistar, digamos, subcamadas específicas de compradores. E, ainda que maior altura e grande distância em relação ao solo não sejam dos ingredientes mais indicados para veículos de performance mais arrojada, um desses primeiros caminhos alternativos foi o da esportividade. O perfil de carroceria cupê tem muito a ver com isso.

Fazendo um pequeno parêntese, vale lembrar que a Porsche já produzia SUV de alto desempenho esportivo – o Cayenne – há 20 anos. E que outas marcas, como Mercedes, Range Rover e BMW equipam versões de seus tijolões com motores ultrapotentes há mais de uma década. Mas são exceções. Foi a BMW, aliás, se não me engano, a primeira a lançar um SUV cupê, o X6, ainda na primeira década deste século, classificando como um SAC, de “sports activity coupé”.

Fechando os parênteses e voltando ao personagem de nosso post – e do meu test-drive –, no que se refere aos modelos nacionais, quem inaugurou o sub-segmento de SUVs cupês foi a Volkswagen, com o Nivus, lançado em 2021. Assim como o Fastback, que é filho do Pulse, o VW é derivado de um outro utilitário, neste caso, o T-Cross. E, como a receita parece estar dando certo, não duvido que outras marcas lancem outros utilitários com a “traseira em queda suave” por aqui.

Minhas conclusões

O Fastback Abarth Limited Edition é bem equipado e até bem macio para um esportivo – no que há de bom e de ruim nisso. É, hoje, provavelmente o SUV nacional mais divertido (possivelmente ao lado de seu irmão Pulse Abarth 1.3 turbo, que ainda não guiei) e com desenho mais interessante do mercado. Ele cobra uma parte desse desempenho no posto: enquanto os números oficiais indicam que, com gasolina, roda 11,3 km/litro na cidade e 13,6 na estrada, em minhas andanças – e de acordo com o computador de bordo do próprio carro – registrei uma bem mais modesta média geral (75% cidade, 25% estrada) de 9,5 km/litro com a mesma gasolina.

Com seus 516 litros de capacidade num porta-malas de ótimo acesso e disposição, acaba sendo também um dos veículos mais práticos do mercado, rivalizando nesse aspecto com os sedãs compactos e, de certa forma, lembrando até as antigas – e extintas – caminhonetes, as peruas desse mesmo segmento.

No final das contas, esse Fastback acaba sendo uma boa opção para quem quer um carro prático para a família e, ao mesmo tempo, rápido e divertido de dirigir. Custa, nessa versão, pouco mais de R$ 158 mil – lembrando que há outras, com motor 1.0 turbo, a partir de R$ 133 mil.

Fonte: Rebimboca Comunicação

Texto e fotos de Henrique Koifman

Henrique Koifman

Jornalista, blogueiro e motorista amador.

Jornalista, blogueiro e motorista amador.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *