7 de dezembro de 2024
Veículos

A nova Fiat Strada Cabine Dupla vale a pena? Confira nosso test-drive

Há quem diga que, mais difícil do que chegar ao topo, é se manter lá em cima. Essa máxima pode valer tanto para times de futebol – ou qualquer esportista – como para políticos (pelo menos, nas democracias), mas em nosso caso aqui hoje, está sendo lembrada por causa de um produto. Um veículo, claro, afinal “aqui é Rebimboca”. O carro é o das fotos e do vídeo da TV Rebimboca (acima), a nova picape Strada – aqui, especificamente em sua versão mais cara, a cabine dupla Volcano. E a relação entre o ditado e o veículo se deve ao fato de que, em boa parte deste século (se não durante todos os seus já corridos 20 anos), o utilitário leve da Fiat tem sido o líder absoluto de seu segmento no mercado. Um líder que se manteve com poucas alterações estruturais nesse tempo todo. Um líder que tampouco era ameaçado por qualquer concorrente nos últimos muitos anos.

Mas se ela era a que mais vendia, por que a montadora resolveu mudá-la tão profundamente? Porque é sempre melhor – e mais fácil – promover esse tipo de mudança justamente quando se está nessa posição privilegiada, acho eu. E saber quando e como mudar é um dos segredos para se manter a liderança.

Enfim, o fato é que, depois de 24 anos de lançada (veja o histórico completo do modelo mais abaixo), a Strada mudou de verdade. Se antes era derivada do primeiro Palio, agora ela usa uma plataforma nova, própria, chamada MPP. E, em termos acessórios e acabamentos traz coisas dos irmãos Argo, Uno, Mobi e Fiorino.

Ela ganhou também modernidades de segurança, de série, muito bem-vindas, como controle de estabilidade e de tração, assistente de partida em rampas, quatro airbags, e uma estrutura que utiliza ligas de aço de alta resistência. E, nessa Volcano top que experimentei, o banho de loja inclui mais alguns mimos, como ótimos faróis de LED – perfeitos para iluminar o breu da garagem – e multimídia com câmera de ré incorporada.

Pelo menos inicialmente, a nova Strada tem como opções os motores 1.4 – mais antigo, e que já equipava as versões mais baratas da geração anterior, e que oferece até 88 CV de potência e 12,5 kgfm de torque – e 1.3 Firefly – que empresta ao carro até 109 CV e 14,2 kgfm. O antigo, mais possante e menos econômico 1.8 – 132 CV e 18,9 kgfm – saiu de cena. O consumo, aliás, talvez fosse o maior defeito da versão anterior da cabine dupla mais sofisticada do modelo, mesmo.

Ao volante no dia a dia

Dirigindo quase o tempo todo o carro vazio, confesso que não senti lá muita falta do motor antigo, não. Já conhecia esse 1.3 de versões mais baratas do Argo e do Cronos e acho que sua relação “sede-benefício” é das melhores do mercado. Se não faz com que a Volcano aí seja um carrinho muito nervoso, por outro lado, não a deixa nada preguiçosa. Muito melhor de equilíbrio e calibragens (de suspensão e direção) que a sua antecessora, a novata é até gostosa de dirigir. O motor trabalha melhor “mais cheio”, ou seja, rende mais nas rotações mais altas. Mas também chega a essas rotações razoavelmente rápido. E, nos momentos em que você não estiver com pressa nem com vontade de se divertir, oferece torque suficiente em baixas rotações para sair tranquilamente quando o sinal abrir, sem merecer buzinadas alheias.

Até o final do próximo ano, é esperado que a Fiat traga para nosso país uma nova geração de motores turbinados e, possivelmente, um deles – quem sabe, com algo mais perto de 20 kgfm de torque – deve embarcar como opção nessas versões mais caras da picape.

Falo e mostro mais sobre o desempenho da Strada no vídeo – com direito ao som do motor ao fundo. O som, ou melhor, os ruídos como um todo, foram para mim um dos pontos que destoaram um pouco em um carro tão bacaninha. Basta acelerar um pouco e passar dos, sei lá, 50 km/h para que roncos, ventos e outros barulhos embarquem com vontade na cabine.

Ela é altinha do chão – algo bem útil em estradinhas de terra e diante de lombadas – e a visibilidade, mesmo com as barras protetoras cruzando o vidro traseiro, é bem satisfatória. A ergonomia geral é muito boa – os comandos estão quase sempre à mão e são fáceis de se identificar, mesmo no painel de instrumentos um pouquinho confuso herdado do Mobi e do Uno (é só se acostumar que fica tranquilo). O acesso pelas quatro portas (antes eram três, e isso sim é uma tremenda melhora) é muito bom também, embora o espaço para os passageiros atrás não seja nenhuma maravilha. O pessoal da Fiat parece ter caprichado especialmente nisso, nessa “usabilidade” do carro, que você também nota ao abrir e fechar a tampa – de operação levíssima – da caçamba.

Pelo preço dessa versão top, confesso que esperava materiais um pouquinho mais refinados nos forros das portas e do painel. Na linha Argo, por exemplo, mesmo sem esbanjar, a mesma Fiat dá um show nesse aspecto, combinando diferentes texturas, tons e desenhos nos plásticos. Aqui, na Volcano – que custa a partir de R$ 83.990 –, a sensação é de “carro de entrada”, basicão, mesmo. O motivo desse descuido talvez seja o fato de que, na prática, sua rival direta é a VW Saveiro Cross, que custa R$ 91.350, só tem duas portas e também é bem simplesinha por dentro.

Afinal, vale a compra?

No vídeo, comento que a Strada Cabine Dupla talvez tenha como principais concorrentes, mesmo, os SUVs compactos mais baratos, podendo até levar vantagem em relação a eles. Isso, se a intenção do consumidor for comprar um verdadeiro utilitário, com espaço para carga/bagagem e suspensão realmente construída para maltratos e não tiver no conforto dos passageiros do banco de trás um ponto fundamental. Se essa comparação, porém, tiver o acabamento interno como um parâmetro importante, ela pode perder a parada.

De um modo geral, a nova Strada não só tem argumentos suficientes para manter sua posição de líder (como, aliás, vem mantendo já nesses meses depois de seu lançamento), como traz alguns a mais. Inclusive no motor, “menor, mas melhor”. E, como disse, é também um carro bem divertido de dirigir (ferocidade não é tudo!). Por isso tudo, em seu segmento, sim, acho que ela vale a compra.

Agora, um pouco de história:

Em 1978, com pouco tempo de mercado por aqui, a Fiat lançou o que seria a primeira picape leve derivada de um carro de passeio do Brasil, o 147 pick-up, que não era nada além de um 147 cortado, bem curtinho.

De carrinho estranho, ele depois ganhou uma caçamba mais comprida e virou City e, mais adiante, Fiorino pick-up. Depois, a partir de 1988, o Fiorino passou a ter a cara da família Uno e assim ficou até 1996, quando finalmente nasceu a Fiat Strada, derivada do recém-lançado Palio.

Em seus 24 anos de estrada, a Strada (perdão pelo trocadilho), a trajetória desse pequeno utilitário foi de sucesso. Ele alternou uma série de versões e configurações diferentes, motores variados e algumas reestilizações e, há anos, é o preferido entre os brasileiros, frequentando a lista de veículos mais vendidos do país, levando em conta aí todas as categorias de carros.

Ficha técnica

(dados de fábrica, gasolina/etanol)

Motor: Transversal dianteiro, flex, 4 cilindros em linha 1.332 cm³, 8 válvulas

Taxa de compressão: 13,2:1

Potência máxima (CV): 101 a 6.000 rpm/ 109 a 6.250 rpm

Torque máximo (kgfm): 13,7 / 14,2 a 3.500 rpm

Transmissão: câmbio manual, 5 marchas

Tração: dianteira

Freios: Dianteiro: a disco ventilado, traseiro: a tambor

Suspensão:

dianteira do tipo McPherson com rodas independentes e barra estabilizadora com molas helicoidais

traseira de eixo rígido com molas parabólicas longitudinais

Direção: elétrica com pinhão e cremalheira

Rodas / pneus: 6” x 15” (opcional 6” x 16) / 205/60 R15 (opcional 205/55 R16)

Peso: Em ordem de marcha: 1.174 kg

Capacidade de carga: 650 kg

Carga máxima rebocável (reboque sem freio): 400 kg

Dimensões externas (mm)

Comprimento: 4.480

Largura: 1.732

Altura: 1.595

Distância entre-eixos: 2.737

Bitola dianteira: 1.457

Bitola traseira: 1.480

Altura mínima do solo: 214

Ângulo de entrada: 23,2°

Ângulo de saída: 28,4°

Ângulo de rampa: 21,6°

Capacidades (litros)

Volume da caçamba: 844

Tanque de combustível: 55

Desempenho:

Velocidade máxima (km/h): 165 / 168,4

0 a 100 km/h: 12,4 s / 11,2 s

Consumo (km/l): Ciclo urbano: 12,1 / 8,4; Ciclo estrada: 13,3 / 9,4 (dados do Inmetro)

Preço (a partir de): R$ R$ 83.990 (ou “quase 84 mil”)

Fonte: Blog Rebimboca

Henrique Koifman

Jornalista, blogueiro e motorista amador.

Jornalista, blogueiro e motorista amador.

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