A variante Indiana do coronavírus chegou ao Brasil. Já falei dessa possibilidade aqui quando um indiano testou positivo num navio ancorado no Maranhão.
Naquele momento, era só uma possibilidade: O indiano de 54 anos foi levado de helicóptero para um hospital particular e o navio permaneceu longe do porto.
Nos dias seguintes, os tripulantes do MD Shandong Da Zhi, este é o nome do navio, foram testados: 15 casos positivos.
Do exame dos casos positivos, seis deles revelaram ser uma contaminação com a variante P. 1617.
O navio partiu da Malásia e a tripulação embarcou na África do Sul. O estado do Maranhão agiu rapidamente no primeiro caso e, no momento, dos três casos de internação, apenas um ainda não voltou para o navio.
Segundo o Secretário de Saúde, Carlos Lula, cerca de 100 pessoas tiveram contato com os tripulantes. Possivelmente, a maioria delas são funcionários dos hospitais e pessoas que trabalharam no desembarque do indiano.
É um caso em que o Brasil poderia exercitar todo o esforço para conseguir o isolamento. Em primeiro lugar,monitorando as cem pessoas que tiveram um possível contato com o vírus e, dentro do possível, conseguir delas um tipo de quarentena .
Pelo que li, dos 15 casos constatados, três necessitaram de internação hospitalar, dois apresentam sintomas leves e os outros dez ainda não apresentam sintomas.
Sem desmerecer o esforço maranhense, acho que a imprensa nacional deveria cobrir a chegada dessa variante de forma mais ampla, de forma a permitir também que o trabalho de monitoramento seja transparente.
Ao contrário do que aconteceu com a variante de Manaus, estamos diante de algo apenas embrionário. Há uma chance real de conter o processo.
Vai depender da atenção de todas as autoridades, atenção que, por seu lado, depende também da presença da mídia.
O Maranhão é logo ali, os voos para todo o país são diários, as comunicações por terra também são fáceis. Só pelo que conheço, do Maranhão para o Piauí basta atravessar um rio, entre as cidades de Grajaú e Floriano. Do Maranhão para o Tocantins é uma divisa seca, sem contar também a proximidade com o restante da Amazônia através do Pará.
No momento estamos concentrados nos debates da CPI. É fácil ver pelo depoimento do general Pazuello como nos perdemos as primeiras batalhas dessa guerra.
Ainda há tempo de fazer diferente. No caso do Maranhão não se trata apenas de monitorar doentes ou pessoas que tiveram contato com eles.
Deveríamos aproveitar a oportunidade para testar em massa e, se for o caso, espero que não seja, isolar o estado a tempo.
Tudo o que posso fazer é escrever aqui e tentar falar sobre o tema na televisão, pelo menos um minuto.
Na semana que vem, já terei me vacinado pela segunda vez.
Nessas circunstâncias, talvez possa fazer mais um pouco.
Fonte: Blog do Gabeira