Médica amiga minha comunicou em mensagem que não tem dúvidas do crescimento de casos de Covid-19 a julgar pelo número de casos que trata no momento.
Hospitais como o do Fundão no Rio já sofrem os efeitos dessa que pode ser a segunda onda. Não há mais internações eletivas (necessidade de exames ou uma biópsia, por exemplo) e os 60 leitos que funcionavam na situação emergencial foram fechados porque os contratos emergenciais expiraram. A emergência está lotada.
O diretor do hospital, Roberto Chebabo, disse numa entrevista:
“Se é primeira ou segunda onda, não faz diferença, as pessoas estão se expondo mais e a gente tem menos leitos de Covid do que tínhamos há seis meses”.
O interessante é que o diagnóstico do diretor do hospital coincide com o da médica: as pessoas estão se expondo mais.
Parte dessa exposição reflete um cansaço com a quarentena, um desejo de “voltar à vida normal”.
O ideal seria tratar essa situação com maturidade, sem necessariamente decretar lockdowns mas reforçando a necessidade das medidas de segurança.
Nos bares e restaurantes quase não se veem máscaras. No entanto, elas são fundamentais. Só deveriam ser tiradas em caso de extrema necessidade.
Da mesma maneira, em alguns países, sente-se o aumento da doença em adolescentes que têm uma certa tendência a se sentirem superfortes. Um pouco como Bolsonaro que age também como um adolescente sem juízo, ao afirmar que a segunda onda de Covid-19 não passa de uma conversinha.
Seu discurso de somos um país de maricas e de que é preciso enfrentar a Covid-19 de peito aberto, como homens é extremamente negativo. Conduz as pessoas a uma posição descuidada e supõe erradamente que a coragem é uma qualidade exclusivamente masculina.
O fato de Putin ter destacado as qualidades masculinas de Bolsonaro aparentemente é apenas a troca de ideia de dois machistas. Mas isso não existe em política internacional: os russos perceberam que Bolsonaro pode ser lisonjeado com isso e aproveitam de sua estúpida ingenuidade.
Aliás ingenuidade que ficou evidente quando editou uma animação para exaltar seu governo. A animação conta a história de um gigante que tenta deter a queda de uma imensa pedra sobre um vilarejo.
Na versão original a culpa da queda da pedra é do gigante. Bolsonaro editou a animação para se vangloriar de seu trabalho.
É algo tão infantil mas infelizmente repercute em todo mundo.
Vamos entrando na semana decisiva das eleições em segundo turno. Congresso e governo ainda não se mexeram. Talvez esperem mais uma semana para atacar a agenda emergencial, talvez não a ataquem tão cedo. É desanimadora essa apatia, sobretudo do Congresso com tanta coisa importante para fazer.
No mundo, a reunião da cúpula do G20 terminou com declarações que fortalecem a agenda climática e o apoio ao multilateralismo. Trump será substituído por Biden e o Brasil ficará isolado na cena internacional, defendendo duas agendas que foram superadas com a vitória democrata nos EUA.
Nunca vi a situação internacional do Brasil tão exposta à censura e mesmo ao ridículo dos parceiros ao longo do mundo.
Fonte: Blog do Gabeira