As redes sociais estão vivendo um momento ético. Nos Estados Unidos notícias de origem duvidosa sobre o filho do candidato Joe Biden foram publicadas num tabloide. Facebook e Twitter não permitiram sua difusão porque entenderam que a fonte era duvidosa e aquilo parecia uma simples manobra eleitoral.
O Twitter já reconhece que errou, mas de qualquer forma o debate continua.
Por outro lado, a New Yorker faz reportagem sobre um problema ético nas redes que envolve diretamente o Brasil. Ele surgiu com a fala do presidente Bolsonaro, numa de suas lives, na qual afirma que os índios estão se tornando seres humanos, como nós.
Um engenheiro especializado em segurança cibernética, Dvid Thiel, denunciou o caso à direção do Facebook que não bloqueou a fala de Bolsonaro.
David Thiel acabou deixando a Facebook por causa disso, afirmando que ela não censura os poderosos.
A próprio Facebook admite seu erro, mas agora é tarde. Thiel partiu para outro emprego.
Fica claro que o clima está mudando, embora ainda não com a rapidez necessária. Bolsonaro não usará facilmente as redes para expressar preconceitos.
No momento, seu governo fez um recurso contra a decisão do Supremo que criminalizou a homofobia comparando-a com o racismo. O recurso da CGU quer abrir um espaço para a liberdade religiosa e direito de expressão. Não há nada na decisão do Supremo que obrige as religiões a mudarem sua crença. O direito de expressão só ê problemático se houver ofensa. A lei contra o racismo que é a base de tudo não classifica ofensa racial como liberdade de expressão.
O problema é que o governo Bolsonaro implica com algumas leis e não tem força para derrubá-las, atacando-as pelas beiradas. É o caso da lei que permite aborto em caso de estupro. O governo criou uma portaria com condições para que a lei fosse aplicada, precisamente com a intenção de torná-la inaplicável.
Se Bolsonaro quiser mudar as leis, o único caminho é fazê-lo de forma democrática, via parlamentar. Fora disso, é tapetão.
Fonte: Blog do Gabeira