Acabou a novela da Coronavac. Agora já sabemos tudo que interessa sobre ela, inclusive seu nível de eficácia, 50,38%.
Não há mais razão para demoras. É a vacina que temos e o bom senso nos impele a usá-la em caráter emergencial.
Com 50 por cento de eficácia, imagino que, ao receber a vacina, tenho 50 por cento de chance de não ser contaminado. Em caso de contaminação, 78 por cento de chance é de que se resuma a sintomas leves. É muito maior ainda a probabilidade de não precisar de hospital ou morrer.
Essas informações bastam para quem precisa da vacina para voltar às atividades. É importante que a Anvisa considere isto e aprove rapidamente o pedido do uso da Coronavac.
Se tivéssemos escolha talvez as vacinas da Pfizer e da Moderna seriam as preferidas. Mas elas são mais caras, foram compradas pela Europa, Estados Unidos e Canadá.
Não há mais razão para esperar. O processo de vacinação pode começar com a Coronavac e ser complementado com a vacina de Oxford.
Se o governo federal quiser ter a primazia, na sua frívola concorrência com São Paulo, que importe o mais rapidamente possível as vacinas da India.
É hora de acabar com essa discussão toda e começar a vacinar.
Há muitas razões para nos preocuparmos no momento com Manaus. O índice de contaminação é alto, numa cidade onde a média diária de mortes é 40, estão morrendo 150, quase o triplo. A estrutura hospitalar está esgotada. E parece que falta até oxigênio.
Manaus está sendo atacada por uma variante do coronavírus. Ela foi mapeada pelos japoneses, analisando o vírus em quatro turistas que vieram da Amazônia.
Pesquisadores da USP e da Oxford confirmaram a existência dessa variante. A própria Fundação Oswaldo Cruz em Manaus está estudando o tema.
Essa variante do coronavírus apresenta algumas mutações numa proteína chamada Spike. Isto facilita sua integração ao organismo humano. Em outras palavras, propaga-se com mais facilidade.
Ontem ouvi uma entrevista do presidente do Sindicatos dos Médicos de Manaus, Sr. Mario Viana. Ele disse que o aeroporto de Manaus é um lugar perigoso porque os doentes estão buscando uma saída por causa das deficiências hospitalares.
O que fazer numa situação dessas. O estado de Roraima criou uma barreira sanitária na estrada que liga Manaus e Boa Vista. Mas o ponto central seria isolar Manaus por algum tempo.
Na China isto já teria sido feito, isolamento da cidade e lockdown. Em Manaus isto não é tão viável politicamente. O próprio comércio fez manifestações contra o fechamento.
Mas a verdade é que estamos numa nova e mais perigosa variante do coronavírus. Isto aconteceu na Inglaterra que já está sendo vacinada com dois tipos de vacina, a Pfizer e a Oxford-AstraZeneca.
Apesar de já estar em processo de vacinação, a resposta lá foi mais radical.
Aqui, o Ministro da Saúde foi a Manaus e, de uma certa forma, normalizou essa crise, não a discutiu publicamente. Limitou-se a falar sobre a vacina que virá, segundo ele, no dia D e na hora H.
Não poderia ser mais preciso. Agora já podemos planejar nossas vidas.
Fonte: Blog do Gabeira