A vacinação contra a coronavírus virou um grande psicodrama no Brasil. O presidente Bolsonaro foi o primeiro a afirmar que não toma vacina e ponto.
Em alguns países, estadistas vão à tevê tomar vacina. Obama, Clinton e Bush se dispuseram a fazê-lo. A Rainha da Inglaterra entrou na fila para tomar a vacina da Pfizer.
Depois de muita confusão, foi realizado um ato público para lançar o plano de vacinação.
No mesmo dia, os jornais anunciavam que uma oferta de vendas de seringa dormiu seis meses na gaveta.
A única novidade nisto tudo é o anúncio do governo Bolsonaro de que vai comprar a Coronavac, depois da aprovação da Anvisa.
Aliás isso era o combinado até algumas semanas atrás. Foi Bolsonaro que chutou o pau da barraca afirmando que não compraria a vacina chinesa e obrigou Pazuello a se desmentir.
Pazuello muda de posição de novo, na maior naturalidade. Não explica a trajetória de seu pensamento, pois isso não existe.
Pazuello faz o que Bolsonaro manda.
Não consigo ainda sentir a chance de eficácia de uma vacinação dessa amplitude dirigida pelo governo Bolsonaro. Temos um excelente sistema nacional de imunização, somos uma referência etc. Mas nunca um sistema dessa amplitude foi dirigido por um capitão e um general com tantos problemas cognitivos e tanta desconfiança em relação à ciência.
O plano de vacinação contra o coronavírus vai acabar coincidindo com o plano de vacinação contra a influenza. Estamos preparados para enfrentar os dois problemas simultaneamente?
Não estou convencido de que teremos vacina a curto prazo, exceto a Coronavac que não dará para o país inteiro. A da Oxford-Astrzeneca, na qual jogamos todas as fichas, parece que está um pouco atrasada na sua fase final. A vacina da Pfizer, usada pelos Estados Unidos, Inglaterra, Canadá, México e provavelmente alguns países europeus terá produção suficiente para atender a retardatários como o Brasil?
A Moderna que foi financiada nos Estados Unidos e tem compromissos com o mercado local conseguirá exportar para o mundo?
Na verdade, o plano de Pazuello e suas possíveis trapalhadas ficam em segundo plano: o mercado mundial conseguirá atender ao Brasil em tempo de salvar muitas vidas?
Hoje estou cheio de dúvidas, vou tentando resolvê-las com o tempo.
Fonte: Blog do Gabeira