De volta ao trabalho cotidiano, confesso que me concentrei um pouco em observar na imprensa internacional o que se passa na Índia.
O país bate recordes de casos diários de Covid 19, cerca de 400 mil notificações.
Vi imagens impressionantes de gente caída na rua, gente aparentemente morta, sinais de que em alguns grandes centros, como Deli e Mumbai a situação saiu do controle.
A Índia já vacinou 150 milhões de pessoas. Com esse número, o Brasil já teria, praticamente, concluído o processo de vacinação. O problema é que eles têm quase 1,4 bilhões de habitantes, faltam seis Brasis para serem vacinados.
O número de mortos na Índia ultrapassa os 200 mil, cerca da metade do número de mortos no Brasil, apesar da diferença populacional.
Assim como no Brasil, circula na Índia uma nova variante que pode ter contribuído para a rápida propagação nessa segunda onda.
Esta variante foi identificada como B-1617. Não se sabe ainda se mais letal que as anteriores.
O que pode ter contribuído para esta nova onda na Índia foram os festivais religiosos. Num deles, o Holi, com características lúdicas, as pessoas brincam de jogar tinta umas nas outras. Só o festival conhecido como Kumbh Mela atraiu 25 milhões de pessoas no norte da Índia.
Por razões diferentes, mas sempre tendo como base a questão cultural, assim como no Brasil, é difícil conter manifestações culturais.
Além dos filmes do Oscar, estava em quarentena, segui o caso do submarino indonésio que tinha apenas 72 horas de oxigênio e estava desaparecido. Os tripulantes morreram cantando, soube-se mais tarde.
Sobre o Brasil falou-se um pouco na cúpula do clima, convocada por Biden e falou-se muito também no Parlamento Europeu, com críticas ao governo Bolsonaro.
Acompanhei todos os lances da vida nacional, escrevi sobre a CPI da Pandemia, no Estadão prevendo sua importância. Deixei de registrar que essa importância é potencial pois tudo pode acontecer em Brasília, inclusive acordos estranhos.
Escrevi também sobre o general que tomou vacina escondido e o artigo sai amanhã no Globo. Ao chegar vi as manifestações pró-Bolsonaro no Primeiro de Maio.
Elas mostram que ele ainda tem apoio inclusive na sua política de subestimar a pandemia: muitos manifestantes se aglomeraram sem máscaras num momento delicado para o Brasil.
Se estivéssemos numa situação normal as ruas estariam tomadas pelos dois lados, pró e contra Bolsonaro. Observo que fora do Brasil, sobretudo na Europa, existem também manifestações contra as restrições sanitárias. Mas expressam, lá como aqui, uma visão minoritária na política de combate ao vírus.
Feliz por estar de volta, retomando essas notas cotidianas após a única interrupção nesse longo período.
Blog do Gabeira