O Superintendente da PF na Amazônia, Alexandre Saraiva foi afastado de seu cargo. O motivo é bem típico do governo Bolsonaro: ele desmontou um grande esquema de desmatamento ilegal e denunciou o Ministro Ricardo Salles por cumplicidade com o esquema.

Eficiência demais, visão republicana demais para um governo comprometido até o pescoço com as forças que destroem a Amazônia.

O irônico nisso tudo é que Bolsonaro vai participar de uma reunião mundial e seu tema é o combate ao desmatamento. A reunião foi organizada por Joe Biden.

Bolsonaro chega ao encontro já com esta grande jogada a favor do desmatamento ilegal. Ele vai pedir dinheiro para, segundo ele, deter o desmatamento até 2030, quando nem no governo estará.

Existe uma sensação entre alguns brasileiros de  que os governos estrangeiros são inocentes. Essa sensação aumenta quanto mais desinformada for a pessoa. Bolsonaro talvez ache que o embaixador norte-americano não leia os jornais daqui ou que pode dar uma desculpa qualquer para uma manobra tão nítida a favor do desmatamento ilegal. E ainda quer dinheiro.

A intervenção do Ministro Salles em favor dos madeireiros num processo policial é um fato inédito no Brasil. No passado, pode-se aqui e ali ter se criticado um ministro por omissão. Nunca houve cumplicidade ativa a ponto de Salles ser suspeito de associação para o crime.

Isso tudo é muito grave. Estamos isolados do mundo por causa da crise sanitária. Brasileiros só entram sem restrições em oito países, do tipo Tonga e Afeganistão.

A destruição da Amazônia com a cumplicidade e estímulo de Bolsonaro vai nos isolar ainda mais.

É preciso ser muito ingênuo ou muito provocador par fazer isto tudo nas vésperas de um encontro internacional.De uma certa forma, Bolsonaro me conforta porque é tão estúpido que cava sua própria sepultura política.

O Supremo julga hoje decisões da II Turma. Meu palpite é que serão confirmadas. Lula é candidato e Moro possivelmente não verá a sentença de imparcialidade ser anulada.

Fica tudo como estava há alguns dias. Os temas políticos podem esperar um pouco mais. No momento, as pessoas estão amarradas na cama por falta de sedativos e relaxantes musculares. Superar esse sofrimento é urgente.

Fonte: Blog do Gabeira