Aconteceu de forma mais clara ontem o que já estava anunciando por aqui. Apesar de eleitos com apoio de Bolsonaro, os presidentes da Câmara e do Senado estão próximos da ampla frente nacional que condena a condução da pandemia pelo obtuso capitão.

Na Câmara, Artur Lira fez um discurso apocalíptico para quem entende os seus termos. Afirmou que o Congresso pode aplicar um remédio amargo, com efeitos fatais, enfim afirmou claramente que os erros de Bolsonaro podem levar ao impeachment, algo que não admitia antes de sua eleição. Aliás se admitisse talvez não tivesse tido o apoio de Bolsonaro.

No Senado, a performance do chanceler Ernesto Araújo, ironizando os senadores, acabou criando um clima tal que os senadores querem a sua cabeça e vão boicotar tudo que vier do Itamaraty, enquanto Araújo não for derrubado.

Houve um incidente extra. O assessor de Araújo, Felipe Martins, fez um gesto estranho que foi denunciado e fotografado.

O gesto no Brasil é um gesto obsceno, por isso muitos senadores achavam que ele estava ofendendo o presidente do Senado.

Mas os fatos não são bem assim. O gesto é típico dos supremacistas brancos americanos, da chamada Alt Right.

Normalmente esses símbolos são uma indicação para os extremistas de que um deles está no poder, ao lado do chanceler brasileiro.

Mas ao contrário do que pensam alguns senadores, o gesto não é um ataque a Rodrigo Pacheco e sim uma manifestação de racismo feita por um funcionário público numa sessão do Senado.

Se houver o mínimo de inteligência, comparando as imagens clássicas dos supremacistas brancos e o gesto de Felipe Martins ele poderia ser processado por racismo. Esse é o caminho, creio eu.

Bolsonaro já tomou um copo de leite ao lado de apoiadores e isto também foi interpretado como um gesto de apoio aos supremacistas brancos. São cheios de símbolos. Mas esse que Felipe usou é conhecido, documentado e considerado símbolo de ódio tanto nos EUA como na Europa.

A que ponto chegamos. Um supremacista branco trabalhando no governo e manifestando seu racismo em pleno Senado. Acho bom se dar conta da gravidade, ou passaremos como idiotas.

Fonte: Blog do Gabeira