Hoje é sábado, deveria falar de outra coisa, mas esse vírus ainda domina tudo. Não há sábado para ele.
Como todos, estou preocupado agora também com a ameaça de faltarem remédios essenciais no tratamento da covid-19.
Ontem, na tevê, falei que era meio arriscado deixar para comprar isto nos últimos dias, uma vez que os fornecedores estão fora do Brasil. É difícil realizar uma operação desse tipo no prazo de uma semana, no máximo duas.
Leio que o Brasil deixou de comprar esse chamado kit entubação ainda no ano passado. O Ministério da Saúde vacilou e o que poderia estar resolvido em agosto, torna-se agora uma emergência.
É algo parecido com as vacinas. O Chile designou um responsável para negociar as vacinas em setembro do ano passado. Hoje é dos países do mundo, ao lado de Israel, Inglaterra e EUA, que mais vacinam sua população. Além das vidas salvas, deve encontrar mais rapidamente o caminho da recuperação econômica.
Depois de tentar processar Felipe Neto, os bolsonaristas se voltam agora contra Ciro Gomes. Em plena campanha eleitoral, é uma espécie de presente que ganha de Bolsonaro.
Essas sucessivas tentativas de aplicar a velha Lei de Segurança não vão colar porque a Constituição a tornou obsoleta.
Mostrei como não é inteligente reagir como Bolsonaro reage. Milhares de pessoas procuram a expressão genocida para entenderem o que significa. O termo se tornou popular e são várias as menções a ele na internet. Algumas cômicas, como a de José Simão que apresentou um casal chamado Geno e Cida.
Bolsonaro acabou trazendo a palavra para mais perto dele e muito possivelmente ele pode acompanhá-los nos livros de história.
Apesar de toda essa desgraça que nos cerca, aproveito o fim de semana para estudar. Dedico a tarde à história do Brasil e à noite entro na literatura e tentarei um filme. Vi dois documentários de cunho político, Quem matou Malcolm X e um sobre o atentado a Bob Marley na Jamaica.
Como é sábado, pretendo mergulhar em algo mais romanesco. Comecei a ver uma série chamada Ratched, achei as imagens interessantes e bem trabalhadas. Mas a trama me pareceu um pouco inverossímil, assim como os personagens. Voltarei a ela, possivelmente sem o áudio.
Por acidente, nos meus estudos históricos, apareceu a fundação do Banco do Brasil em 1851. Ele surge um ano depois da Lei Eusébio de Queiroz que proibiu o tráfico de escravos.
O Visconde de Mauá sacou que muitos capitais dedicados à escravidão ficariam livres e poderiam ser usados na construção de uma outra economia.
Por coincidência, na queda do presidente do BB esta semana, enfatizei essa tese: um Banco do Brasil só tem sentido dentro de uma concepção mais ampla do que queremos na economia.
Infelizmente, não temos grandes projetos, apesar de estarem no ar algumas tendências inescapáveis: digitalização e sustentabilidade.
Não é que o Bolsonaro vetou o projeto que garantia internet nas escolas. Parece que está apostando na miséria e não confia no capital humano que representam as crianças das áreas mais pobres.
Que venha domingo, pois a sucessão de dias é ainda uma das certezas que temos.
Fonte: Blog do Gabeira