Hoje na feira livre, uma senhora me disse que estava muito triste no jornal da televisão.
É possível, respondi. Tem sido muito difícil monitorar as mortes e o sofrimento no Brasil.
No mesmo dia em que a pauta era sobre o Major Olimpio, escrevi aqui que dois caciques morreram de covid-19 no hospital de Vilhena, Rondônia.
No trabalho vespertino constato que a situação continua difícil. Crise de medicamentos essenciais, falta de leitos, gente morrendo na fila de espera. Em São Paulo morreram 100.
Na região metropolitana de Porto Alegre um problema no abastecimento de oxigênio matou seis pacientes. E em Teresina, vejo a imagem de um homem morto no chão do hospital com uma enfermeira desolada ao seu lado. Não foi possível sequer colocá-la na maca.
Mais grave ainda são os passos do presidente Bolsonaro. Na sua live, imitou uma pessoa com falta de ar. Total insensibilidade.
Bolsonaro entrou na justiça contra as medidas restritivas decretadas pelos governos do Rio Grande do Sul, Bahia e DF.
Certamente vai perder, mas joga para sua plateia. Nem toda ela é negacionista como ele. Mas há muita gente que tem medo das consequências econômicas das medidas restritivas. E não tem tanto medo de morrer asfixiada à espera de uma UTI.
Mas há uma notícia positiva hoje. O governo fechou negócio com a Pfizer e com a Johnson. Vai comprar 100 milhões de doses da primeira e 38 milhões da segunda. Como a vacina da Jonhson é só uma dose, esta compra pode significar a vacinação de 88 milhões de pessoas.
Mas só vai acontecer do fim do ano para o princípio do ano que vem.
Perdemos muito tempo.
Temos que continuar na busca de vacinas. Parece que a OMS vai entregar neste fim de semana uma parte da compra brasileira no consórcio Covax.
Quando a barra pesa muito como pesou esta semana, vou tirar algumas horas para a literatura e o cinema. É a maneira de recarregar as energias para enfrentar esses idos de março.
Por sinal, creio que estamos no veranico, pois faz muito calor no Rio. Ainda não caíram as águas de março, fechando o verão. Certamente, vêm por aí e vêm com tudo.
Continuo seguindo as notícias sobre aquele crime contra as mulheres asiáticas nos EUA. O assassino era frequentador dos spas e parece que realmente estava lutando internamente contra forças sexuais que não conseguia dominar.
Daqui a pouco , isso vira um filme. Mas o medo da comunidade asiática nos Estados Unidos procede pois são muitos os casos de ataques racistas.
Vou esperar passar toda essa onda brava no Brasil e tirar duas semanas de férias. Preciso escrever coisas que não cabem no jornal e nem mesmo na internet. Gostaria até de sair um pouco, mas quem recebe brasileiros hoje? Uma segunda dose da vacina talvez ajude.
Fonte: Blog do Gabeira