O Conselho do Ministério Público puniu Deltan Dalagnol por escrever nas redes sociais que a eleição no Senado deveria ser por voto aberto.
Renan Calheiros se sentiu prejudicado e denunciou.
Vejo esta votação como um avanço no processo de destruição da Lava Jato. Está tudo interligado. Deltan não seria objeto de julgamento agora. Celso de Mello deteve o processo. Mas adoeceu e em seu lugar entrou Gilmar Mendes.
Gilmar é contra a Lava Jato. Mas não é só ele. A correlação de forças no STF mudou. O primeiro indício foi a votação que acabou com prisão em segunda instância. Agora, só se prende um condenado depois de esgotados todos os recursos. Com um bom advogado, o político pode adiar anos o julgamento.
A Lava Jato perdeu quando Bolsonaro se elegeu e trouxe Moro para o governo. Perdeu quando se retirou o COAF da Receita quebrando uma das três pernas da operacão.
Depois perdeu com a presença de Augusto Aras que quer se apoderar de todos os dados e tem má vontade com a Lava Jato.
Perdeu com a saída de Delagnol, com a demissão dos procuradores paulistas, do delegado Anselmo Lopes da operacão Greenfield.
Enfim, perdeu também com a grande aliança no Congresso para neutralizá-la.
Hoje de manhã, falando com Lauro Jardim, ele chegou a colocar uma questão: será que o dinheiro recolhido será depositado de novo nas contas da Suiça?
Certamente não chegarão a tanto. Mas o processo de combate à corrupção sofreu uma grande derrota precisamente no governo que prometeu defendê-la. Isso não significa que as pessoas que defendem a legalidade, o respeito à Constituição, e têm problemas com a Lava Jato são cúmplices do governo.
Houve apenas uma grande convergência.
Fonte: Blog do Gabeira