Li em vários sites que, em 2013, o ator – muito ótimo ator, em minha reles e falsa modesta opinião – George Clooney presenteou 14 amigos com US$ 1 milhão, cada!
Num jantar na casa de Clooney, malas pretas – bem menores, mas com certeza muito mais elegantes que as do Geddel Vieira Lima – esperavam pelo grupo ao redor da mesa.
O ator, elegante como um Cary Grant, agradeceu os presentes por terem lhe ajudado no começo de sua carreira: “Blá blá blá (em inglês, imagino)… Então, é muito importante para mim que enquanto ainda estamos aqui juntos, eu retribua”.
Gratidão é uma foda homérica!
Há muitos anos, nas páginas amarelas da revista Veja, creio, li uma entrevista com outro ator que também muito aprecio, Tom Hanks.
Ele confessou ter vergonha da enormidade que ganhava como cachê por um filme. Hanks foi tão sincero que, até hoje, se eu tivesse o endereço dele, escreveria uma carta pedindo-lhe uns US$ 10 milhões, sinceramente e com justificativas.
Eu diria que, com US$ 10 mi, daria um “banho de loja” na pequena cidade onde nasci, Barbacena, MG – enviaria também um mapa em anexo, claro, para mostrar ao Brasil, como ricos – principalmente grandes empresários e poderosos políticos – poderiam mudar, honestamente, a cara do Brasil e depois, do mundo.
Claro que US$ 10 mi não transformariam minha caída e decaída Barbacena numa Brastemp, mas acenderia o fogo, a centelha, pra mostrar o caminho. Dinheiro chama e gera dinheiro, às vezes, até dinheiro honesto.
Claro 2 que, depois de Barbacena, eu teria que me virar sozinho, sem os dólares do Tom Hanks.
Como? Na esteira do exemplo saudável, e repito, tão honesto quanto utópico, de Barbacena, desta vez, como governador de Minas e depois presidente do Brasil, “malgré moi!”.
Se muitos vagabundos que têm dinheiro e/ou nos “governam” soubessem como é bom, saudável e lucrativo fazer o bem, ajudar os outros, os necessitados; como é gratificante ser honesto, nosso país seria um jardim. E jardim babilônico de Monet com Burle Marx!
Outro delírio que tive foi, sem querer, por acaso de cinema, salvar o Bill Gates de um assalto, no Rio de Janeiro. Salvar o trilhardário, sem saber que era ele, sem segundas intenções. Aí, depois, claro, ele seria grato, me daria US$ 10 ou 20 milhões e eu faria o mesmo que “fiz” com o “money” do Tom Hanks.
Certo é que generosidade gera gentileza, gentileza gera generosidade e vice-versa, tudo trocado e misturado, como numa boa suruba!
A grande maioria dos ricos brasileiros é tão burra, insensível, soberba e egoísta! Não sabe gastar o dinheiro que tem e muito menos ajuda quem precisa. Ajuda nem os amigos! E querem sempre mais e mais, sempre somar, jamais dividir que, no final, é a melhor maneira de multiplicar. E lá eles adoram gastar dólares.
Não raro, um milionário com ou sem herdeiros, deixa sua fortuna, para um museu! Conhecem algum brasileiro que já tenha feito isso, sem usar dinheiro nosso, dinheiro da Petrobras, por exemplo?
Para salvar Nelson Rodrigues, nestes estertores deeste ano, com tiros de canhão de Zé Ramalho, na Ilha da Ilusão, não só o mineiro é solidário no câncer e na merda. O brasileiro, sem generalizar, também é. E só é solidário no câncer incurável e na mais absoluta miséria dos amigos.
Pensando bem, nem nisso! Nem moedas jogam. Mesmo porque, ricos brasileiros não usam moedas nem pra humilhar ainda mais, moeda é coisa de pobre.
Ah! O título da crônica… Aquela música do Eduardo Dusek: “Troque seu cachorro por uma criança pobre”…
PS: Como continuo sem o endereço do Tom Hanks e turma, vou jogar na Mega-Sena da Virada e pedir dicas de malas ao George Clooney. Feliz ano novo a todos!
Jornalista, escritor, escreveu no Jornal O Tempo e já publicou dois livros.