Eu ia deixar o Oscar passar batido, preguiça!
Com raras exceções, sempre achei um programa chato, sem graça e previsível.
Apresentadores engraçadinhos, musicais irritantes, lero-lero e mimimi. Muito barulho e paetê por nada. Isso, fora o bando de acéfalos que o canal TNT contratou para fazer merchandising e os comentários mais estúpidos da paróquia.
Gostava e ainda gosto de ver as atrizes bonitas, cheirosas, elegantes e gostosas. Este ano, em especial, a premiada Renée Zellweger, Charlize Theron e, aos 82 anos, Jane Fonda, ainda altamente comestível.
Surpreendentemente, gostei da performance do Eminem e da participação do Elton John.
Que mais? Uma das partes mais interessantes é a homenagem aos mortos do ano anterior, no caso 2019. Os famosos não eram muitos, com a mais evidente exceção, Kirk Douglas, desaparecido quatro dias antes da festa, logo, já em 2020.
Talvez o que me entedie mais na entrega do Oscar é que raramente assisti aos filmes em competição. Acho que até os premiados de 2019 ainda estão na fila de espera.
Este ano, o único que conferi, em quatro suaves prestações foi “O Irlandês”, que ganhou nada, reforçando minha teoria sobre o filme: é o fim triste de todos os envolvidos: Martin Scorsese, Joe Pesci, Al Pacino e Robert de Niro. Por isso achei o filme tão triste, com gosto e cara de nunca mais.
Confesso que comecei a seguir “História de um Casamento”. Dormi antes da metade. Se casamento já é chato, imaginem um filme sobre o fim dele…
Ah! Gostei de “Dois Papas”, torcendo pelo e saudoso do Bento XVI. Este Francisco, recebendo Lula, hoje, me lembra Jesus: “Diga-me com quem andas…”.
Quando tiver boa companhia, prometo ir ao cinema para “1917”, “Coringa”, “Era uma vez em Hollywood” e “Parasita”.
Por falar em “Parasita” e parasitas, como acordo cedo, de madrugada, esperei apenas a Petra perder na categoria Melhor Comédia e fui dormir rindo, feliz.
Com a incrível participação de “Vertigem na Democracia”, deu para, finalmente, entender o paranoico macarthismo norte-americano nos anos 1950.
Mania que os ricos têm de comunismo… Comunismo não, esquerdismo caviar e de shopping center.
Cada discurso com teor ativista, de minorias e vermelhinho me faz bocejar ainda mais.
Bom mesmo, coerente mesmo foi o Marlon Brando que mandou uma índia receber seu segundo Oscar, em 1973, por “O Poderoso Chefão”, o resto é blá blá blá de Greta, Petra e Joaquin Phoenix.
Como abri lá no alto, eu ia deixar o Oscar passar batido, por preguiça, mas resolvi arriscar estas linhas, por causa do super vencedor da noite, “Parasita”.
“Parasita” é uma lição para o triplo pleonasmo PPP: Petra, Petistas e Parasitas.
Nem com o ótimo Fernando Meirelles o Brasil vai ganhar o Oscar que o impecável cinema vizinho, o argentino, já levou. Isso, enquanto o Brasil continuar nesta vocação para repetir o velhíssimo, acabado, chato, pretensioso e ultrapassado Cinema Novo; este falso elogio às nossas misérias; esta mania de Sebastião Salgado que fica rico com a miséria dos outros.
O Brasil tem que perder, de novo, o complexo de vira-latas. Parar com esta mania de cultuar o que é feio e burro. Abandonar sua pegada Coreia do Norte, sua vertigem, sua ilusão de vodca e sua rebeldia sem causa.
Além da Argentina, mil outros países já paparam o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. A maioria, merecidamente.
O mais novo no clube é a Coreia do Sul que, além de outros três nobres prêmios (Filme Estrangeiro, Roteiro Original e Diretor), abocanhou o de melhor filme entre todos, fato inédito. E por que? Como? Que façanha é esta?
Numa matéria da BBC News Brasil, li isso: “Apoio do governo, cotas e festivais: como a Coreia do Sul reinventou seu cinema e fez história no Oscar com ‘Parasita’”.
Não concordo. Isso pode até ter ajudado, mas para mim, a explicação é muito mais simples: Educação, com originalidade e criatividade. E uma coisa puxa a outra.
Há anos elogia-se a pacífica revolução que, como Cingapura, a Coreia do Sul fez, investindo maciçamente em Educação. Pronto. Além de riquezas e tecnologia de ponta, Oscar!
Isso, enquanto a irmã, Coreia do Norte, na merda, fica brincando de bomba atômica.
Isso, enquanto o Brasil fica chorando o leite azedo e derramado, com vertigem e labirintite de ressaca.
PS: Sem saudosismo, depois do Oscar, domingo e segunda, na terça, fim de noite, peguei na TV, mais uma vez, “Uma Aventura na África” (African Queen/Rainha Africana) de 1951. Quatro indicações para o Oscar 1952. O único do meu ator favorito, Humphrey Bogart (1899-1957).
Jornalista, escritor, escreveu no Jornal O Tempo e já publicou dois livros.
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