28 de março de 2024
Colunistas Walter Navarro

A Hora dos Ruminantes


Falar mal do Bolsonaro é fácil porque ele não usa armadura. O Adélio sabe bem disso. Já os imbecis de plantão, pensando com o intestino grosso, afirmam que Bolsonaro encenou a facada.
Muito inteligente, né? Quer dizer que, liderando as pesquisas, o Cara arrisca a vida para ser eleito como um Tancredo. Um jumento, quadrúpede, não seria capaz de pensar tanta asneira.
Falar mal do Bolsonaro é fácil porque ele é sincero, dá brechas, abre a guarda. Isso, num Brasil onde todo mundo reclama da falsidade e das mentiras arrotadas diariamente por políticos. Quando aparece um que fala a verdade: pedra e bosta na Geni e no Led Zeppelin. É o me engana que eu gosto da mulher de malandro e do homem de vagabunda. “É que Narciso acha feio o que não é espelho”.
Falar mal do Bolsonaro é fácil porque virou mania, esporte, catarse e vício. Porque a Direita é selvagem e a Esquerda boazinha.
Falar mal do Bolsonaro é fácil porque ele desafina o enorme coro dos contentes, dos que estavam contentes com o País das Boquinhas, o País do Futuro que nunca chega porque, desde seus primórdios, é a Vanguarda do Atraso.
Falar mal do Bolsonaro é tão fácil que a gentalha consegue falar mal até de seus ministros, em geral, os melhores que já tivemos desde que o Brasil brinca de nação.
Conseguem falar mal até do Sérgio Moro.
Ontem, voltaram a pegar no pé de outro gênio da raça, Paulo Guedes. Logo Paulo Guedes que só abre a boca para ensinar, explicar e dizer coisas brilhantes. Paulo Guedes, o alquimista que está fazendo milagres, transformando a merda deixada pelo PT em ouro.
É muita falta do que fazer. É uma vocação enorme para a estultice nossa de cada dia.
“O ministro da economia, Paulo Guedes, disse durante um discurso no painel ‘Shaping the future of advanced manufacturing’, no Fórum Econômico Mundial, em Davos, Suíça, que o maior inimigo do meio ambiente é a pobreza. Ele afirmou que as pessoas destroem o meio ambiente porque sentem fome”.
Pronto! Só faltaram dizer que Paulo Guedes roubou esta fala de Goebbels, Hitler ou Trump. Por enquanto…
Paulo Guedes está certíssimo, mais uma vez, para variar.
E vou citar apenas um exemplo, recente e atual, o Haiti. Não confundir com Thaiti, talkey?
Há muitos anos li que no miserável Haiti, “joia colonial da França”, berço de sanguinários ditadores, não existiam árvores.
Árvores são aquelas coisas grandes e verdes que o Bolsonaro queima, em quilômetros, todos os dias, para espantar turistas, girafas e elefantes. Hienas não, porque estas moram ao lado.
Pois bem. O Haiti não tem árvores porque a população miserável e desesperada, cortou todas para fazer… lenha, fogo!
Ninguém precisa ser Paulo Guedes, ser gênio, para saber esta obviedade.
Rico rouba para ficar cada vez mais rico, porque é canalha. Vagabundo rouba porque não consegue voto, nem quer trabalhar. Pobre rouba porque é miserável e, às vezes, muitas vezes, precisa.
Escolham a múltipla escolha:
“O homem é bom por natureza. É a sociedade que o corrompe”. (Jean-Jacques Rousseau)
“Rousseau disse que o homem nasce bom e a sociedade o corrompe. Mas essa ideia precisa de reparos: para mim, o homem nasce neutro e o sistema social educa ou realça seus instintos, liberta seu psiquismo ou aprisiona. E normalmente o aprisiona”. (Augusto Cury)
“O poder não corrompe os homens; mas os tolos, se eles adquirem uma posição de poder, eles a corrompem”.
(George Bernard Shaw)
“Se o homem nasceu bom e bom não se conservou, a culpa é da sociedade que o transformou”.
(Wilson Batista/Afonso Teixeira)
Domingo, revi o filme “Vivo” (Alive) 1993, de Frank Marshall, baseado no livro de Piers Paul Read, “A História dos Sobreviventes dos Andes”, baseado em fatos reais.
Em 13 de outubro de 1972, um avião da Força Aérea Uruguaia cai nos Andes.
Das 45 pessoas no avião, 12 morreram no acidente ou pouco depois (incluindo o piloto); outros cinco morreram na manhã seguinte (entre eles o copiloto) e mais uma sucumbiu aos ferimentos no oitavo dia.
Dos 27 ou 29 que sobraram, oito foram mortos por uma avalanche que varreu o abrigo, a carcaça do que sobrou do avião.
Ficaram neste inferno gelado 72 dias, sem remédio, aquecimento e comida. Em “apenas” 10 dias, os sobreviventes tiveram de praticar a antropofagia, o canibalismo; começaram a comer os mortos.
“O maior inimigo do meio ambiente é a pobreza (…) as pessoas destroem o meio ambiente porque sentem fome”.
Pobreza é a falta de… tudo.
Quem não tem colírio, usa óculos escuros; quem não tem cão, caça rato com gato; quem não tem gás, desmata; quem não tem esgoto polui rios e mares; quem não tem pizza, come carne humana.
PS: Quem não tem o que falar e como pensar, caga com a cabeça dos outros.

Walter Navarro

Jornalista, escritor, escreveu no Jornal O Tempo e já publicou dois livros.

Jornalista, escritor, escreveu no Jornal O Tempo e já publicou dois livros.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *