10 de setembro de 2025
Vinhos

Quais são as castas internacionais?

O berço da maioria das castas usadas na vinificação é o Velho Continente. Muitas se espalharam por todos os lados, transcendendo suas origens.

Alguns nomes são bem conhecidos, Cabernet Sauvignon, Chardonnay, Sauvignon Blanc, Merlot, Pinot Noir, Malbec, Riesling e mais um punhado delas. Basta consultar a Carta de Vinhos de um restaurante em qualquer outro país, que elas vão estar lá.

Não é difícil entender as múltiplas razões pelas quais estas uvas resolveram se tornar “globe-trotters”. Destacam-se a constante busca por inovação e por terroirs mais adequados, além das tentativas de “copiar o original”, feitas por vinhateiros ao redor do mundo.

Um dos melhores exemplos, atualmente, é o sucesso da Malbec, cultivada na Argentina. Seus vinhos conquistaram o paladar dos consumidores de qualquer Continente, ao contrário dos produtos da sua região de origem, Cahors, na França. São dois vinhos bem distintos, numa comparação direta.

Outra boa história pode ser contada através da Sauvignon Blanc. Originária da região de Bordeaux, se espalhou pelo mundo produzindo, em cada nova região, vinhos tão ou mais espetaculares que os “originais” (há controvérsias). Mas não se pode falar desta casta sem mencionar os néctares que são elaborados na Nova Zelândia. Para os brasileiros, outro país que produz Sauvignon Blanc, que acerta com o nosso paladar, é o Chile.

A Syrah, uma casta que está levando a nossa produção de vinhos para um outro patamar, tem suas raízes no Vale do Rio Ródano, França. Um dos primeiros terroir, fora de seu país de origem, ao qual se adaptou de forma maravilhosa, foi na Austrália.

Por conta de uma criteriosa pesquisa, um cientista brasileiro, Murillo de Albuquerque Regina, desenvolveu um método que permitiu que esta e algumas outras castas, pudessem ser cultivadas em climas mais tropicais, como no nosso país. Ficou conhecido como “dupla poda”. Esta técnica faz com que a videira inverta seu ciclo, permitindo a colheita no inverno. No ciclo normal a colheita seria no verão.

Outras duas varietais que tiveram sucesso fora de suas origens são a Pinot Noir e a Chardonnay, ambas da Borgonha.

A Pinot é considerada como uma casta de difícil cultivo, enquanto a Chardonnay sempre foi muito versátil. Os vinhos desta casta branca elaborados na Califórnia, EUA, rivalizam diretamente com os melhores Crus da Borgonha.

Um fato bastante interessante é que o nosso país é um bom produtor de Pinot Noir, principalmente na região de Garibaldi, RS, onde é vinificada em branco, para a elaboração dos nosso espumantes, junto com a Chardonnay.

Vinho e ritos religiosos sempre tiveram uma ligação muito estreita. Muito antes destas famosas castas se disseminarem, houve uma que foi a pioneira, trazida pelos missionários que vieram para o Novo Mundo. O objetivo era elaborar o vinho de missa.

Esta quase esquecida uva, recebeu diversas denominações, conforme o lugar onde foi plantada. Originalmente, é uma casta denominada Listan Prietro, originária das ilhas Canárias.

Na América do Sul é conhecida como País (Chile) ou Criolla Chica (Argentina). Na América do Norte é chamada de Mission.

Ficou muito tempo desprezada, até que as mudanças climáticas fizeram com que a atenção de alguns produtores se voltasse para aqueles vinhedos sem importância. Eles estavam firmes e fortes apesar de tudo.

Nossos vizinhos estão produzindo excelentes vinhos com esta pioneira das viagens internacionais. Na Califórnia foi uma das castas mais plantadas até o início do século XIX, quando outras cepas europeias foram introduzidas.

Infelizmente, está quase extinta na sua região de origem.

Saúde, bons vinhos!

Dica da Karina – Cave Nacional

Luiz Argenta – Ripiano 2024

Em 1999, os irmãos Deunir e Itacir Neco Argenta adquiriram a histórica propriedade que pertencia à antiga Granja União, local pioneiro na produção de vinhos finos no Brasil.  Em 2009, ficou pronta a Vinícola Luiz Argenta, em homenagem ao patriarca da família.

A Luiz Argenta cultiva atualmente 55 hectares de videiras e é uma das mais belas e modernas vinícolas brasileiras. Localizada em Flores da Cunha, a cerca de 60 km de Bento Gonçalves, produz vinhos e espumantes de altíssima qualidade. O Luiz Argenta LA Jovem Ripiano leva esse nome por ser um corte de 25% Riesling (RI), 50% Pinot Noir (PI) e 25% Trebbiano (ANO) e conta com Indicação de Procedência (IP) de Altos Montes. Um vinho de coloração amarela com reflexos esverdeados, aromas intensos de flores brancas, com leve toque frutado de pêssego, pera e anis.

Custo unitário em 04/09/2025 – R$ 146,00

A Cave Nacional envia para todo o Brasil.

CRÉDITOS: Imagem de jcomp no Freepik.

Tuty

Engenheiro, Sommelier, Barista e Queijeiro. Atualiza seus conhecimentos nos principais polos produtores do mundo. Organiza cursos, oficinas, palestras, cartas de vinho além de almoços ou jantares harmonizados.

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Engenheiro, Sommelier, Barista e Queijeiro. Atualiza seus conhecimentos nos principais polos produtores do mundo. Organiza cursos, oficinas, palestras, cartas de vinho além de almoços ou jantares harmonizados.

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