26 de abril de 2024
Colunistas Sylvia Belinky

Ensaio sobre a cegueira


Já recomendei dois filmes maravilhosos aqui, “Feitiço do Tempo” e “Um dia, Um gato”. Ambos nos remetem aos dias de hoje e o que vou recomendar hoje, também…
Em 1993, resolvi que deveria voltar para a faculdade, não obstante já ter dois outros diplomas. Escolhi a Psicologia da FMU e lá fui eu estudar de novo – como já confessei, não sou nem nerd nem estudiosa, mas estou sempre curiosa e interessada em coisas novas, que envolvam pessoas…
Exceto por algumas pessoas maravilhosas que conheci, algumas amizades, essa não foi exatamente uma “experiência brilhante” e faço esse comentário sem entrar em detalhes –  devo dizer apenas que não terminei o curso em questão.
Entretanto, algumas das leituras obrigatórias foram fantásticas e, em face dessa reclusão que vivemos hoje, lembro-me muito especialmente de uma delas, SOB MEDIDA para este momento.
Refiro-me ao Ensaio sobre a Cegueira, romance publicado em 1995, escrito por José Saramago, escritor português que ganhou o Prêmio Nobel de Literatura. A obra narra a história de uma epidemia de cegueira branca que se abate sobre as pessoas de uma cidade, “causando um grande colapso na vida das pessoas e abalando as estruturas sociais” (Wikipédia, a Enciclopédia Livre)
Essa obra, filmada por nosso extraordinário Fernando Meirelles, chamou Ensaio sobre a Cegueira por aqui, e Blindness no resto do mundo. Quando ficou pronto, Saramago assistiu ao filme ao lado de Meirelles e, ao término,  lhe disse: “Meirelles, estou tão feliz de ter visto esse filme… como fiquei quando terminei de escrever o livro!”
Quero dizer que o livro é extraordinário! Logo de cara, como Saramago não usasse pontos, vírgulas e parágrafos, fui lendo – nas três primeiras páginas confesso que foi um pouco difícil, mas a história é tão envolvente, tão empolgante que, para mim, acabou sendo como se tivesse sido uma datilógrafa cega a digitá-lo – pura criação da minha cabeça, plenamente compreensível depois de ler o livro ou de ver o filme!
O filme não fica devendo NADA ao livro; é completo, da escolha dos artistas à musica, ao cenário… é nada menos que PERFEITO. Mas, quero dizer também que foi uma das coisas mais duras que já vi, mais contundentes, mais… VERDADEIRAS no que tange ao ser humano! Todos nos reconheceremos nele, em uma ou em várias cenas – e somos nós no dia de hoje numa epidemia: os que só se preocupam consigo mesmo, os que são solidários…
Uma frase apenas sobre ele para, nem de leve, dar um spoiler:
“Numa cidade grande, o trânsito é subitamente atrapalhado quando um motorista de origem japonesa, não consegue dirigir e diz ter ficado cego. Ele é ajudado a chegar em casa por um homem, que acaba por roubar seu carro.” (Wikipedia)

Sylvia Marcia Belinky

Tradutora do inglês, do francês (juramentada), do italiano e do espanhol. Pelas origens, deveria ser também do russo e do alemão. Sou conciliadora no fórum de Pinheiros há mais de 12 anos e ajudo as pessoas a "falarem a mesma língua", traduzindo o que querem dizer: estranhamente, depois de se separarem ou brigarem, deixam de falar o mesmo idioma... Adoro essa atividade, que me transformou em uma pessoa muito melhor! Curto muito escrever: acho que isso é herança familiar... De resto, para mim, as pessoas sempre valem a pena - só não tenho a menor contemplação com a burrice!

Tradutora do inglês, do francês (juramentada), do italiano e do espanhol. Pelas origens, deveria ser também do russo e do alemão. Sou conciliadora no fórum de Pinheiros há mais de 12 anos e ajudo as pessoas a "falarem a mesma língua", traduzindo o que querem dizer: estranhamente, depois de se separarem ou brigarem, deixam de falar o mesmo idioma... Adoro essa atividade, que me transformou em uma pessoa muito melhor! Curto muito escrever: acho que isso é herança familiar... De resto, para mim, as pessoas sempre valem a pena - só não tenho a menor contemplação com a burrice!

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