3 de maio de 2024
Colunistas Sylvia Belinky

Uma Banheira de Espuma

Tem coisa no mundo mais anti-higiênica do que um banho de banheira? E, a dois?

Você sai do banho mais sujo do que entrou, por que além da sua, acumula a sujeira do outro e tem de tomar uma ducha bem caprichada… Eeeeecccaa!

No entanto, eu sonhei com esse banho de espuma da Rita Lee que eu tenho certeza de que ela, sim, tomou não um, mas vários, e deles saiu limpinha, cheirosa, flamejante como as estrelas de cinema, que um sabonete da época, insistia em cantar: “Nove, entre dez estrelas, usam…”

Rita Lee, esse gênio ambulante não se levava a sério – como convém a uma pessoa brilhante como ela – e, a cada momento, era capaz de nos apresentar mais alguma coisa fantástica, que nunca imaginaríamos que pudesse ser música!

Culta, dominava o vernáculo como poucos e só cantava certo – lato senso; nada de erros. Afinal, até livros para criancinhas ela escreveu, com enorme sensibilidade e responsabilidade de ensinar certo, sem ser chata!

Sim, ela nunca era chata; não em suas letras, em sua música. Não se repetia; não se via como exemplo a ser seguido – seria chata, se fosse – até porque era inacreditavelmente brilhante e talentosa como poucos no mundo.

Rica, a “paulista nuclear”, vista assim que foi por um “hermano” músico, no mínimo, muito observador.

Que privilégio ter sido contemporânea dessa criatura ímpar, única, como disse Ney Matogrosso, que a considerou sua alma gêmea.

Destemida no sentido verdadeiro desta palavra: jamais deverá ter passado por sua cabeça que pudesse ser ridícula e essa é a real liberdade e coragem.

Tinha a ousadia de chamar as coisas pelo nome delas e de desvendar seus sentimentos em relação a elas sem se preocupar minimamente com o “politicamente correto”.

Que personalidade invejável, que talento incrível, que capacidade de se renovar permanentemente, sem envelhecer ao longo do tempo.

Soube viver e conviver com seus erros e seus acertos e fez, de fato, muita gente feliz – e eu, certamente, me incluo aí.

Todos temos, pelo menos, uma música das suas que marcaram nossa vida: obrigada, muito obrigada, Rita Lee.

Sylvia Marcia Belinky

Tradutora do inglês, do francês (juramentada), do italiano e do espanhol. Pelas origens, deveria ser também do russo e do alemão. Sou conciliadora no fórum de Pinheiros há mais de 12 anos e ajudo as pessoas a "falarem a mesma língua", traduzindo o que querem dizer: estranhamente, depois de se separarem ou brigarem, deixam de falar o mesmo idioma... Adoro essa atividade, que me transformou em uma pessoa muito melhor! Curto muito escrever: acho que isso é herança familiar... De resto, para mim, as pessoas sempre valem a pena - só não tenho a menor contemplação com a burrice!

Tradutora do inglês, do francês (juramentada), do italiano e do espanhol. Pelas origens, deveria ser também do russo e do alemão. Sou conciliadora no fórum de Pinheiros há mais de 12 anos e ajudo as pessoas a "falarem a mesma língua", traduzindo o que querem dizer: estranhamente, depois de se separarem ou brigarem, deixam de falar o mesmo idioma... Adoro essa atividade, que me transformou em uma pessoa muito melhor! Curto muito escrever: acho que isso é herança familiar... De resto, para mim, as pessoas sempre valem a pena - só não tenho a menor contemplação com a burrice!

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