14 de maio de 2024
Colunistas Ricardo Noblat

Um caso que cheira mal, mas que é tratado com muita naturalidade

Quem pede recebe, quem se alia tem preferência.

Marcelo Vaz da Costa e Castro, engenheiro agrônomo, foi escolhido pelo governo Lula para comandar a superintendência da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf) no Piauí. Sim, e daí?

Daí que ele é filho do senador Marcelo Castro (MDB-PI). E o que isso tem de mais? O senador é relator do orçamento da União de 2023. Além disso, é presidente da Comissão de Desenvolvimento Regional do Senado.

Uma mão lava a outra. O senador pediu a nomeação do filho. Como o governo depende da boa vontade do senador para aprovar ao seu gosto o orçamento da União, empregou o filho dele. É dando que o governo espera receber em troca. Política é assim.

“Eu não estou indicando [meu filho] porque sou relator do orçamento, mas porque sou um senador da base do Wellington Dias (ministro do Desenvolvimento Social e senador licenciado pelo PT do Piauí)”, declarou Castro, que acha tudo muito natural.

O orçamento da Codevasf para 2023 é de R$800 milhões. Todo político ambiciona ter um cargo por lá. A empresa costuma protagonizar escândalos de corrupção. Outra vez com a palavra o senador Castro:

“Somos aliados no Piauí desde 2002. Todas as eleições eu votei no Lula, na Dilma duas vezes, no Fernando Haddad. Eu e todos os deputados que votaram no Lula fazemos parte da base do governo, estamos indicando cargos em nossos estados.”

Está bem.

Fonte: Blog do Noblat

Ricardo Noblat

Jornalista, atualmente colunista de O Globo e do Estadão.

Jornalista, atualmente colunista de O Globo e do Estadão.

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