Não importa os prejuízos que ele possa causar ao país
Logo após a eleição de 2020, enquanto os votos ainda estavam sendo apurados na maioria dos estados, o principal especialista em dados da campanha à reeleição do presidente Donald Trump disse a ele sem rodeios que sua derrota era certa.
Nas semanas seguintes, enquanto Trump continuava a insistir que fora reeleito, um alto funcionário do Departamento de Justiça lhe disse repetidas vezes que suas alegações de fraude eleitoral generalizada não tinham fundamento e “prejudicariam o país”.
Essas preocupações também foram compartilhadas pelo principal advogado da Casa Branca, que disse a Trump que ele entraria em um “pacto de assassinato e suicídio” se continuasse a perseguir planos extremos para tentar invalidar os resultados das eleições.
Trump desconsiderou os fatos e as projeções dos seus assessores e seguiu a promover a mentira de que a eleição fora roubada. Tudo isso faz parte de documentos e entrevistas reunidos pela Câmara que investiga o ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021.
“Amigo de Trump”, Bolsonaro, que só conversou com ele três ou quatro vezes na vida com auxílio de um tradutor, está disposto a ir pelo mesmo caminho. Reconhecer uma eventual derrota nas eleições de outubro próximo não está nos seus planos.
Bolsonaro imagina que só assim manterá o apoio de sua base de eleitores fiéis que acreditam em sua palavra acima de qualquer coisa.
Fonte: Blog do Noblat
Jornalista, atualmente colunista de O Globo e do Estadão.