Hoje eu acordei disposta e fui preparar o meu café. De repente meu nariz começa a sangrar sem parar e pensei que ia ter um treco.
Bateu aquele medo de estar sozinha e ter um piripaque. Um aneurisma!! Céus!! Nunca isso tinha acontecido.
Sou prevenida e não me considero uma hipocondríaca de carteirinha. Só um pouquinho.
Liguei imediatamente para o otorrino que costumo ir. Por sorte ele tinha retornado de um congresso em Londres e hoje seria o primeiro dia da volta dele ao Brasil. Ou seja o consultório estava com a agenda dele lotada.
Pedi para a secretária ver se ele me recebia, que estava tensa e até para ver se precisaria fazer algum exame de imagem caso fosse necessário. E havia um horário às 15h.
Estava tão nervosa que liguei para uma prima muito querida e fui almoçar na casa dela. Confort food e colinho de prima que por sinal se chama Priscila.
Sai de lá e cheguei no consultório médico antes do horário. Só o fato de estar lá me deu uma paz incrível. De ser cuidada.
Ele me atendeu logo e na consulta pediu exames de imagens, e claro que já irei agendar para tirar da frente esse episódio e sai dela confiante.
Resolvi voltar de ônibus. Passava na frente do consultório e parava pertinho da minha casa.
Desço do ônibus e venho caminhando. Nisso encontro uma antiga cabeleireira da minha mãe. Uma senhora japonesa, educada, fala manso e baixo, elegante e querida. Começamos a conversar na esquina do farol e de repente uma olhou para a outra educadamente!
– Você está sentindo um cheiro ruim no ar? Perguntei.
– Sim!!! .que cheiro é esse! Respondeu ela.
Na hora fomos olhar a sola dos sapatos. Estavam limpos. Nos despedimos porque o cheiro não estava fácil. Não dava para conversar com aquele odor fétido.
Apareça no salão! – disse ela.
E eu: Apareça lá em casa!
No que viro a esquina, sai um garçom do bar, cara de matuto, com avental branco e uma vassoura na mão, e grita para o colega que tirava os pratos de uma mesa na calçada…
– Zé que cheiro de Merda é essa? Oxxi! Caiu um caminhão de bosta pela rua? Ou peidaram todos juntos? Tá pior que o cheiro dos “toletes” (fezes humanas em pernambuquês) perto da praia na areia de Brasília Teimosa!
Cai na risada. Fico imaginando a Lucia ali ouvindo isso, ela tão discreta. É a tal diferença de culturas e social.
Fui andando e contendo o riso e observando as pessoas. Todas se olhavam como quem diz: Que fedor é esse, gente? E olhavam direto para as solas dos sapatos.
Quase chegando em casa pergunto para um segurança conhecido: Que cheiro é esse?
Ele me conta que o cano do esgoto da doceira e restaurante da esquina tinha estourado e que o cheiro saía dos bueiros.
Que coisa não? Eu ainda dou risada. Diferente do estado que estava na hora do sangramento do meu nasal. TENSA!!!!
E agora aqui no escritório de casa pensei ainda rindo:
– Se não bastasse a merda que anda São Paulo – e o Brasil – ainda temos que sentir o cheiro?
Pô ninguém merece! E vai lá saber quando isso irá passar???
Jornalista… amo publicar colunas sobre meu dia a dia…