Sempre que leio comentários nas redes sociais de pessoas que dizem se ressentir da ausência e do convívio de outras, em especial de familiares e amigos próximos, me pergunto o porquê de nada fazerem para suprir essa saudade, esse vazio.
Anteriormente, no início da “fraudemia”, adoecer, contraindo o “flango flito”, era a desculpa para tal ruptura entre as relações humanas. Mas, diziam, assim que sairiam as vacinas e estaríamos imunizados, vamos chutar o balde e descer a lenha.
Vamos abraçar e beijar como se não houvesse o amanhã.
Então, presumia, era uma questão de pouco tempo, já que o Santo Graal era anunciado para qualquer minuto, a despeito do pouquíssimo tempo de pesquisas e avaliações.
Essa fase das vacinas, para os que aguardavam ansiosamente como a salvação do planeta, não só chegou, como já está atingindo os finalmentes.
Não vou entrar no mérito da eficácia das vacinas e das sórdidas manipulações políticas dessa trama toda, mas a continuação desse medo exacerbado e o consequente aprisionamento e o autoexílio da plebe ignara, me confundem.
Até quando vamos nos omitir de viver e de conviver com quem amamos e prescindir de atividades essenciais a nossa saúde, física, mental e espiritual?
Vamos escolher passar os restos dos dias que nos tocam, no mundo virtual fazendo declarações de amor e juras eternas?
Me angustia o rumo que nossas vidas tomam e se cristalizam.
Me assusta a postura cotidiana que nossa sociedade está normatizando.
Me apavora ver o que estamos fazendo e legando para nossas crianças.
Somos imortais?
Parece que nada mais poderá nos matar que não seja o vírus chinês.
É contrair e… pés juntos na cova.
E a vida sem vida, não mata?
O medo frio e paralisante que afeta, mesmo, nosso raciocínio, nos deixa inertes e semi sorumbáticos.
Vejo gerações de idosos covardemente querendo se perpetuar num ato de egoísmo, negando as novas e futuras gerações o direito à vida e suas experiências minimamente, básicas.
Essas crianças estão sendo condenadas a se exilarem de si mesmas e conviverem num mundo virtual, sem afeto, sem amor, sem vida.
Nosso papel para com eles, sempre foi o de dar exemplos e os guiar para um futuro sadio e próspero. É isso que estamos fazendo?
Não temos esse direito.
A covardia e o medo nunca foram bons exemplos.
A saúde passa pelo convívio, pelo amor e carinho, pela coragem de seguir e pelo prazer de viver.
Abrir mão desses substantivos é apressar o que mais se teme: a morte!
Falando pessoalmente, sei, que sempre estive trafegando pela contramão da estrada. Tenho, na minha trajetória, ficado muitas vezes no vácuo sem eco. Não importa.
Quero morrer com a consciência tranquila que pavimentei para meus filhos e netos, uma via de lucidez. Quero homens fortes de caráter e plenos de caridade e solidariedade.
Que saibam valorizar o presente que Deus nos deu de poder exercer o direito à vida e à morte com a mesma desenvoltura e abnegação.
Respirem e lutem por isso, se for para serem plenos.
Se for apenas para cultivarem o “estar vivo” com regras substanciais de medo e covardia, deem a vaga para os que querem a plenitude, com lágrimas e risos.
Com alegrias e tristezas.
Com saúde e eventuais contratempos.
Sejam altruístas, ao menos, com suas crianças.
Paisagista bailarino e amante da natureza. Carioca da gema, botafoguense antes do Big Bang.