Em 1918, no pós-guerra, o mundo foi assolado pela Gripe Espanhola, a maior pandemia de todos os tempos que chegou a matar mais de cinquenta milhões de pessoas no planeta.
Aqui no Brasil, só veio a chegar, assim como o Covid-19, algum tempo depois e, igualmente ao presente momento, por desleixo dos governantes que permitiram o atracamento do navio Demerara, procedente da Europa, nos portos do Rio de Janeiro, Recife e Salvador, derramando nessas plagas tupiniquins o precursor da família “Influenza”.
O Presidente, à época, era Rodrigo Alves, que se encaminhava para cumprir seu mandato, foi acometido pelo vírus, ironicamente, logo ele, que tanto combatia as epidemias no Brasil e foi o criador do Instituto Butantã. Teve de ser substituído pelo seu vice, Delfim Moreira e, como Alves veio a falecer, novas eleições foram marcadas. Dizem que o Presidente não faleceu da doença e, sim, de outras complicações que já abalavam sua combalida saúde. Parece que estamos vendo esse filme, de novo, não?
Curioso, o STF, não interferiu.
Como agora, as farmácias de então, abusaram nos preços de medicamentos que, supunham ter algum efeito e o Prefeito da Capital, teve de intervir com um tabelamento, o que, mais tarde, viria a se tornar um modismo.
Alguém sentindo falta do STF?
Então, prossigamos.
A população, apavorada e sem segurança de parte das autoridades sanitárias e médicas, mudou drasticamente sua rotina, mas, todavia, sem nenhuma obrigação legal de ter que “ficar em casa”.
As cidades entraram em colapso, grande parte dos coveiros haviam sucumbido ao vírus. A polícia, então, teve de sair recrutando homens em meio a população, para retirar os corpos que se amontoavam pelas ruas. Os familiares das vítimas, com medo de contraírem a doença, largavam seus corpos pelas ruas, o que causava um mau cheiro horrível e um cenário de filme de terror.
E, o STF, não fazia nada? Que horror!
Os prédios públicos, como o Senado e a Câmera, foram fechados por alguns dias por não contar com funcionários suficientes para manter os trabalhos básicos das casas. Parlamentares que conseguiam sobreviver a doença, eram recebidos com festa… alguma semelhança no cenário atual?
O Senador Lucena, embrião pioneiro da oligarquia da família que está no poder até os dias de hoje, proferiu um discurso emocionado no alto da tribuna, dizia, que essa doença não faria distinção entre ricos ou pobres, entre homens ou mulheres, negros ou brancos. Só faltou dizer que o vírus, não pouparia nem o STF. Mas, ainda bem, que não o disse. Não houve nenhum relato desse infortúnio.
Surgiram vários remédios como panaceias, por exemplo, o Quinino, que mais tarde veio dar origem a famosa, Água Tônica.
Mas, a mais inusitada e que entrou para nossa cultura culinária etílica, foi o limão com cachaça e mel. Sim, era usado para combater o vírus e veio a ser batizada, anos após, de Caipirinha.
Ah, quem diria, de uma triste página de nossas lembranças, tiraríamos algo tão delicioso e rentável que atrai gente de todo o mundo e os enfeitiça. Só brasileiro.
Ainda, não tive de falar no STF…
Prossigamos!
Foram tempos tão sombrios e amargurantes que, assim que o vírus saiu de moda, o povo se lançou ás ruas com todo fervor e, porque não dizer, “frevor” e dançava e festejava como se o mundo fora acabar.
De novo, alguém leu alguma referência ao STF?
Prosseguindo…
Delfim Moreira decide que nenhum estudante poderá ser reprovado.
O Parlamento aprova uma moratória de quinze dias para que a população pague suas contas. Sem sucesso, tentam aprovar um decreto que estabeleceria sucessivos feriados na Capital do país, Rio de Janeiro, para dar tempo que pudessem se reorganizar o retorno ás suas atividades.
Qualquer semelhança com o decreto do Governador de São Paulo, esqueci seu nome, é, outra mera coincidência.
Fica uma dúvida cruel: Será que não havia o Poder Supremo de Capa Preta nesse período?
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