25 de abril de 2024
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Vade retro

Um padre muito pimpão e sorridente, que da vida e de sentimentos não entende absolutamente nada, impediu, em 2005, que uma gestante abortasse um feto que sofria de uma síndrome “incompatível com a vida”. Ou seja, nasceria e morreria. Como aliás, aconteceu.

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Quando ele conseguiu a interrupção do aborto, liberado pela justiça por motivos médicos, a jovem já estava internada e com o processo iniciado. Mas o padre, com um habeas corpus, interrompeu o procedimento. Segundo ele, “evitou um assassinato”. Perdoem-me, mas este homem é um histérico sem noção. Na verdade, ele apenas expôs vida da mãe e prolongou o sofrimento de uma família. Não me perguntem por qual motivo agiu assim, é demais para a minha cabeça, não consigo entender.
Oito dias depois do aborto interrompido, a criança, como era previsto, nasceu e morreu. Acredito que o padre, que mora em Anápolis, Goiás, ficou feliz da vida. Afinal, conseguira que uma moça sofresse mais um pouco, provavelmente para a redenção de sua alma e coisa e tal.
Fico indignada com certas notícias, esta é uma delas. Felizmente agora, onze anos depois, o Supremo Tribunal de Justiça condenou o padre irresponsável e xereta a indenizar o casal em 60 mil Reais acrescidos de correção monetária. É pouco. Deveria ser mais, muito mais. Posso imaginar o que os pais do feto destinado a não viver sofreram.
Pergunto-me se o padre não tinha algo melhor para fazer. Crianças abandonadas sobram no Brasil. Por que ele não pensou em socorrer algumas, em vez de perturbar a vida alheia? Ah, sim, crianças dão muito trabalho. Choram, fazem birra, usam fraldas, precisam comer. É mais fácil ser cristão às custas da sanidade do próximo.
Espero que este padre, chamado Luís Carlos Loudi, atuante numa ONG chamada “Pró-vida, além de pagar a sua dívida, tenha aprendido a lição. Há um limite para alguém, mesmo em nome de preceitos religiosos, intrometer-se nos sentimentos dos outros.
Sou católica. Mas não aceito certos religiosos que se colocam acima do bem e do mal e pontificam tolices sem respeito ou compaixão.
Vadre retro, padre Loudi.

O Boletim

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