Renan Calheiros pode ficar tranquilo. Mesmo que seja preso – espero que seja, o mais depressa possível – as suas melenas revigoradas pós-implante (graças ao luxuoso auxílio da Força Aérea Brasileira, sempre a postos para atender problemas urgentes de saúde), não estão em risco. Ao menos é o que afirma a médica dermatologista Ana Maria Ventura, responsável pela hortinha capilar que o empresário, agora detento, Eike Batista tratava com tanto desvelo.
Apesar do exagero de emoção e de estresse – o Brasil não dá uma folga, é tanta novidade que a gente nem pode falar mal do Trump, no patropi aconteceu algo maior, exigindo a nossa atenção. Enfim, apesar de o mundo estar no pré-apocalipse, houve quem se preocupasse com a careca do senhor Batista.
Dizem que ele usava peruca. Ontem apareceu a novidade deste tratamento na clínica paulista Tricosalus. A bem da verdade, e com todo respeito à clínica, acho que o Eike Batista ficou melhor sem o cabelinho estranho que usava. Peruca ou implante, aquilo era esquisito. Careca, ele ficou mais chique. O que de nada adianta dentro de uma prisão. Pelo contrário, até atrapalha. Gente, não gosto nem de pensar o que um homem cheio de nove horas está passando numa cela comum. Que horror.
Mas achei gozado sair num jornal as declarações da doutora Ana Ventura, garantindo que os pezinhos de alface – digo, os bulbos capilares – voltarão a nascer. O serviço é garantido, nota dez. Espero que os doutores pernambucanos que cuidaram do campo de pouso do Calheiros também ofereçam garantia. Acho que não há ninguém neste país que não queria ver o senador de cabecinha raspada, pagando pelos crimes que cometeu.
Grande favor faria a ministra Cármen Lucia ao Brasil, às clínicas dermatológicas em geral e às lojas de perucas em particular se levantasse o sigilo das delações da Odebrecht. Além de os contribuintes dessa grande casa de tolerância chamada Brasil terem todo o direito de saber os nomes dos denunciados, já poderíamos ir nos preparando para outra novidade: quem, entre os acusados, fez implante capilar com garantia?
Numa boa, surrealismo perde.
