25 de abril de 2024
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Evoé, Momo

Eis que na República Surrealista do Brasil aproxima-se mais uma efeméride: o primeiro carnaval comandado por um bispo da IURD. O pessoal anda inquieto para saber se o prefeito Crivella, entre bundas e seios, estará na Sapucaí, esforçando-se para nada ver, nada sentir, não pecar contra a castidade. Pobre bispo, pobre prefeito. Há momentos em que administrar o poder dá a maior mão de obra.

Mas andei lendo declarações de Marcelo Alves, presidente da Riotur, afirmando que, desde antes de vencer as eleições, monsieur Crivella avisara que, nos tempos de Momo, estaria preso a um compromisso inadiável. Neste e em todos os outros carnavais de sua administração. Imaginem, bispos que se prezam não se misturam àquela orgia. Além de ser uma festa pagã, o nosso alcaide sabe – muita experiência episcopal, vamos combinar – que, depois de ceder à tentação, babau. Nem o filho psicólogo-cristão-formado-em-Harvard desataria-lhe o nó emocional. Vai, Crivella, vai para o seu “compromisso inadiável” e rogue por nós, pecadores. As almas cariocas e devassas agradecem.
Mas, por favor, reze também por nossa segurança física. Vamos precisar de muitas orações. Apesar do tom otimista do senhor Alves, garantindo segurança ampla, geral e irrestrita para todos os foliões, ele deixou escapar que a Liga das Escolas de Samba e não sei qual associação responsável pelos blocos de rua manifestaram preocupação com a possível violência nos feriados que se aproximam. Durante o desfile das escolas de samba nada rolará. Há décadas sabemos que os grupos se respeitam e ninguém se atreve a invadir o espaço alheio. Domingo e segunda serão dias tranquilos. Mas, atenção, Marcelo Alves não disse isso, quem está dizendo sou eu. Afinal, não pegaria bem à uma autoridade municipal reconhecer que a ilegalidade se
protege melhor do que as autoridades conseguem nos proteger. Nós, os pagantes de toda a balbúrdia.
Enfim, com o bispo ou sem ele, lá vem o carnaval. Espero que os meus milhares de leitores se divirtam.
Espero também que, entre mortos e feridos, salvem-se todos. Inclusive o prefeito fujão.
Só para demonstrar que sou muito sabidinha, despeço-me com o grito das bacantes gregas, que o nosso rei Momo adotou: Evoé…
Estão vendo? Corte&Costura também é cultura.

O Boletim

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