23 de abril de 2024
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Alô Alô Bahia entrevista Malu Fontes

Foto: Reprodução

A jornalista e professora de jornalismo da Universidade Federal da Bahia, Malu Fontes, conversou por e-mail com o Alô Alô Bahia nesta sexta-feira, 06, sobre os desafios da profissão, fake news e muito mais. Confere só!
Qual foi o caminho que te levou a ser jornalista e professora universitária?
Nunca houve esse tal caminho. Na vida, se eu dei certo ou errado – só os outros podem julgar – foi por sorte ou azar. Tudo foi absolutamente acidental e sem planejamento. No entanto, fico feliz em notar que estou muito além das perspectivas que tinha na infância.
Por outro lado, o que me fez ter certeza, mesmo, de que queria ser jornalista, foi a curiosidade que tinha quando, já cursando jornalismo e medicina, frequentei por um tempo a sala de necropsia do Instituto Médico Legal Nina Rodrigues.
Já quanto a ser professora, foi uma opção natural, feita bem mais tarde, que me dá a oportunidade de ler coisas, investigar outras, ter contato com cabeças frescas, alimentar minha curiosidade e ainda sobreviver disso. Na minha vida, nada nunca foi planejado. Não tenho uma história de sonho e foco para contar. Cheguei até aqui com a vida me tangendo, feito gado.
Qual o maior desafio profissional que você já enfrentou/enfrenta?
Atualmente, acho que é convencer alunos da importância de investirem individualmente em sua formação intelectual. O outro é convencer as pessoas de que as coisas que eu escrevo ou falo não são ataques, críticas ou ofensas pessoais. Elas dizem respeito a fenômenos cotidianos da vida pública.
Quais são os valores que te guiam?
Meus maiores valores na vida são curiosidade e ironia. Risos. Estética também. Se não tiver um pinguinho de beleza, eu não gosto, não.
O que as fake news representam para os profissionais do jornalismo?
Representam uma ameaça grave para a reputação do campo, para a existência e sobrevivência da profissão. Esse movimento só se estancará quando o leitor aprender a avaliar e selecionar o que ler e em que acreditar. Mas isso vai de encontro ao movimento dos últimos anos, em que a tônica é ler menos, ler mais rápido e estar sempre cada um na sua bolha das redes sociais.
O que ainda te choca e o que ainda te entusiasma enquanto profissional da comunicação?
O que me choca é a falta de interesse de grande parte dos profissionais da área em construir uma sólida formação intelectual, social, política para escrever e opinar, já que é esse o nosso trabalho. O que me entusiasma é o prazer, como professora, de ver nascer, a cada semestre, alguns alunos brilhantes.
No seu trabalho você tece comentários e análises sobre diversos assuntos, sendo considerada, muitas vezes, uma pessoa polêmica. Qual é a responsabilidade e as consequências de falar o que se pensa em meios de grande repercussão?
A maior consequência disso é a minha consciência cotidiana de que só posso fazer isso por conta da liberdade intelectual e política que a Universidade me dá.
A sua profissão já lhe rendeu algum tipo de problema?
Vários. O maior deles foi virar personagem em grupos de WhatsApp da Polícia Militar da Bahia, quando fui uma espécie de meme, por conta de um texto que escrevi sobre a chacina do Cabula.
Se pudesse deixar apenas um ensinamento aos seus alunos, qual seria?
Não gosto de achar que aprendi o suficiente para dar ensinamentos. Mas se pudesse dar um conselho seria para que eles adotassem o hábito da leitura como uma devoção cotidiana. Para quem é jornalista ou quer ser, ler é mais importante que rezar.
Bate-bola
Salvador
Onde virei gente
Machismo
É uma patologia crônica e mata. Muito.
Deus
Cada um tem o seu.
Família
É raíz, mas você sempre pode escolher a sua.
Internet
A tradução do Aleph (do conto de Jorge Luis Borges).
Malu por Malu
Ai de mim se não fosse eu.

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